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segunda-feira, 29 de julho de 2019


ANÁLISE & POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO


Bolsonaro extrapola e provoca indignação pública

O presidente Jair Bolsonaro (PSL), após extrapolar num assunto polêmico e de ordem dos direitos humanos, tentou amenizar as declarações dadas na manhã de segunda-feira quando atacou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)  Felipe Santa Cruz, ao dizer que “ele não gostaria de saber como o pai dele morreu, durante o período da ditadura militar”. Nesta tarde, e isentou os de qualquer relação com o desaparecimento.

A versão do presidente, é que o crime teria sido integrantes da própria Ação Popular, grupo o qual, Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira fazia parte, responsáveis pelo desaparecimento. “Eles resolveram sumir com o pai do Santa Cruz. Essa é a informação da época”, disse, acusando a Ação Popular do Recife de ser “o grupo terrorista mais sanguinário que existia”.

Anistia Internacional repudia declarações do presidente

A Anistia Internacional divulgou no início da tarde desta segunda-feira, 29, uma nota de repúdio aos comentários do presidente Jair Bolsonaro sobre Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. Oliveira foi morto durante a ditadura militar. E pediu que o caso seja levado à justiça.

"É terrível que o filho de um desaparecido pelo regime militar tenha que ouvir do presidente do Brasil, que deveria ser o defensor máximo do respeito e da justiça no País, declarações tão duras", afirmou a diretora-executiva da Anistia no Brasil, Jurema Werneck. 

Lei da Anistia

"O Brasil deve assumir sua responsabilidade, e adotar todas as medidas necessárias para que casos como esses sejam levados à justiça. O direito à memória, justiça, verdade e reparação das vítimas, sobreviventes e suas famílias deve ser defendido e promovido pelo Estado Brasileiro e seus representantes". Em nota, a Anistia informou ainda que defende a revogação da Lei da Anistia, de 1979, "eliminando os dispositivos que impedem a investigação e a sanção de graves violações de direitos humanos, a investigação e responsabilização dos crimes contra a humanidade cometidos por agentes do Estado durante o regime militar".

Doria criticou as declarações do presidente

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou na tarde de segunda-feira (29) a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre o desaparecimento do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Em declaração a FolhaPress.
– É inaceitável que um presidente da República se manifeste da forma que se manifestou em relação ao pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Foi uma declaração infeliz – afirmou.
A declaração de Doria ocorreu em evento de anúncio de investimentos de uma companhia de celulose no estado, no Palácio dos Bandeirantes. – Não posso silenciar diante desse fato. Eu sou filho de um deputado federal cassado pelo golpe de 1964 e vivi o exílio com meu pai, que perdeu quase tudo na vida em 10 anos de exílio pela ditadura militar – disse o governador.
Moro e Guedes/Invasão dos hackers
Após a revelação do Ministério da Justiça de que celulares utilizados por Jair Bolsonaro também teriam sido invadidos pelos mesmos hackers que vitimaram os ministros Sergio Moro e Paulo Guedes, além de outras autoridades, o presidente minimizou o incidente, dizendo que não há "nada que comprometa" nos aparelhos.

"Por ser capitão do Exército, sempre tomei cuidado. As informações estratégicas não eram passadas por telefone. Então, não estou nem um pouco preocupado se algo vazar do meu telefone. Não tem nada que comprometa", disse o presidente durante a participação em um evento de entrega de medalhas militares em Manaus.

Prisão dos suspeitos 

O juiz Vallisney de Souza Oliveira , da 10ª Vara Criminal do Distrito Federal, autorizou a prisão temporária dos quatro suspeitos de integrarem uma quadrilha supostamente responsável pela invasão hacker ao celular de Moro e outras autoridades na última terça-feira (23).

No dia seguinte, o casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira foi detido em São Paulo, Walter Delgatti Neto foi preso em Araraquara e Danilo Cristiano Marques foi capturado em Ribeirão Preto. Todos são naturais de Araraquara e se conhecem.

Explicações

Delgatti Neto, conhecido como " Vermelho " e dono de uma ficha criminal extensa, foi o único a admitir participação no crime.  Gustavo Henrique Elias Santos, por sua vez, negou ser um dos hackers e também apontou para "Vermelho", afirmando que viu algumas das mensagens de autoridades vazadas em posse do amigo.

As investigações que resultaram na operação começaram após os ataques sofridos por Moro. Há pouco mais de dois meses, ele teria sido alvo de uma tentativa de invasão de suas contas no aplicativo Telegram.

Em apresentação para mostrar como se deram as investigações que chegaram ao grupo de hackers , nesta quarta-feira (24), o delegado federal da PF, João Vianey Xavier Filho, disse  que o número de vítimas alvo do ataque é alto.

Paulo Guedes foi hackeado

"Identificamos que cerca de mil números diferentes foram alvos desse mesmo modus operandi dessa quadrilha. Há possibilidade de um número muito grande de possíveis vítimas desse ataque que está sendo investigado agora", afirmou o delegado.
Luiz Spricigo Jr., perito criminal federal que também participou da coletiva, revelou que há um "forte indicativo" que o ministro Paulo Guedes também foi hackeado, como informado na última segunda-feira (22).

"Com um dos investigados estava uma conta vinculada ao nome do ministro Paulo Guedes . Ainda temos que confirmar, mas é um forte indicativo de que a conta seja realmente a do ministro", ressaltou Spricigo Jr.

Estelionato eletrônico

Xavier Filho reiterou ainda que o intuito do grupo é praticar o chamado estelionato eletrônico, com fraudes fiscais com internet banking e cartões de crédito com o intuito de obter benefícios em dinheiro. "Foi localizada uma quantia razoável de dinheiro, quase R$ 100 mil em espécie, que já estão depositada em juízo", revelou.

As autoridades também disseram que estão em contato com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para "isolar as fragilidades" e que "vão pedir reunião para compartilhar o que foi apurado" na tentativa de evitar que o golpe dos hackers seja replicado para outras vítimas. 

Banco do Brasil prepara demissão em massa

O Banco do Brasil (BB) vai oferecer incentivos que variam de R$ 20 mil a R$ 200 mil para funcionários que se demitirem voluntariamente. A medida faz parte do Programa de Adequação de Quadro (PAQ), anunciado na manhã de segunda-feira (29/7). Pelo que ficou acertado, o trabalhador com até 20 anos de empresa receberá 7,8 salários brutos como incentivo para o desligamento. Os funcionários da estatal com duas décadas ou mais de casa poderão receber até 9,8 salário.
Também está em estudo a possibilidade de que o BB pague o plano de saúde destes funcionários por mais um ano, incluindo os dependentes. O trabalhador que aderir ao PAQ também deve ficar isento de pagamento de custos de treinamento, como cursos, graduação, idiomas e certificações.
De acordo com o BB, o PAQ busca otimizar a distribuição da força de trabalho, equacionando os excessos de pessoal nas unidades da instituição financeira. O programa vai em direção à “revisão” e “redimensionamento” da estrutura organizacional.
Postos Avançados
Uma das medidas é reduzir o número de agências, formando 333 delas em Posto de Atendimento Avançado (PAA), que são pontos destinados a municípios desassistidos de serviços bancários e possuem estrutura reduzida de funcionários.
A implementação dessas ações ocorrerá no segundo semestre de 2019. O impacto financeiro do programa será divulgado até o final de agosto e não altera as projeções divulgadas para 2019.
“O Banco do Brasil reitera que estas e outras iniciativas se alinham ao propósito de ampliar a competitividade, por meio da transformação digital e do dinamismo do modelo de atendimento e relacionamento”, completou o fato relevante.