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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

 

O submundo das eleições presidenciais no Brasil

ROBERTO MONTEIRO PINHO - Desde a mais alta Corte do país, o Superior Tribunal Federal - STF o Superior Tribunal Eleitoral – TSE ao mais longínquo rincão da nação, lamentavelmente a sociedade brasileira assiste perplexa e suporta as mais perversas barbáries no âmbito do processo eleitoral que no dia 30 de outubro, vai definir quem será o próximo Presidente da República.

O ápice desse processo danoso emerge neste momento (as poucos dias do pleito eleitoral de 30 de Outubro), na superfície de "águas turvas" com a gravíssima denúncia de possível fraude no Horário Eleitoral no Rádio e TV tendo, repito, independente do que se apurar, o prejudicado é o candidato a reeleição o Presidente Jair Messias Bolsonaro.

A sociedade num todo precisa ficar atenta a cada detalhe, minúcia, tudo da mais extrema importância, eis que acende o alerta, para que o eleitor faça sua escolha democrática, sem temer pela segurança do seu voto.

Neste turbilhão de práticas lesivas ao processo eleitoral, já amplamente divulgado nos veículos de comunicação, e nas redes sociais, tendo como cenário, as emissoras de rádio, localizadas nas capitais e cidades do interior, dos estados do norte e nordeste brasileiro.

Essa ação se comprovada, se constitui em tenaz ato criminoso, eis que aventamos, aconteceu ao arrepio da Lei Eleitoral vigente, e tem como um dos possíveis protagonistas um funcionário público do TSE, que sob suposto, seja o ator que teria manipulado esse plano diabólico e violento, para favorecer o opositor candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Em versão dos atores do processo eleitoral, que pese seus relatos, tenha sido um incidente protagonizado pelo próprio Partido Liberal (PL), que não entregou as gravações do programa eleitoral do seu candidato, nada ainda convenceu a opinião pública, a não ser o lado oposto, que se beneficiou com o fato em tela. Como diz o velho ditado, “onde existe fumaça, há fogo”

Fatores circunstanciais remetem a exemplo de outras manobras ardilosas e já repetidas manifestações de setores conservadores, todas formalizadas junto ao Superior Tribunal Federal - STF e ao Tribunal Superior Eleitoral – TSE, onde segundo observamos têm sido desenhadas, a luz da explicita tendência em não colaborar principalmente a lisura do pleito e ainda ignorar preceito legal do direito pátrio.

As constantes retóricas dos partidários do candidato Lula, se prende a desconstituir os fatos, mesmo aqueles em que comprovadamente, ocorreram e ocorrem no curso da campanha eleitoral. Essa tem sido a tônica da militância do petista, tudo ao sabor de afastar o seu candidato a presidência de fatos que o deprecia perante o eleitorado. Destaque, não que isso fosse razoável, eis que pesa sobre Lula uma sombria e densa nuvem que perduram denúncias que vão da Lava Jato, Petrolão, BNDS e outras já publicamente divulgadas praticas lesivas nos governos do PT.

Acompanhei da redação da Tribuna da Imprensa, vários pleitos eletivos, a partir da reabertura política e a volta dos partidos, e não me vem à memória um cenário eleitoral, onde não tivemos até agora, propostas de governo, a não ser ataques pessoais e toda sorte de incidentes, regadas a fake news e postagens em rede social, que destilam veneno.

Como se não bastasse ainda tivemos a calamitosa escalada de erros das pesquisas no primeiro turno, que sequer estiveram próximas dos resultados daquele pleito. E por outro assisto a manipulação tendenciosa da informação da grande mídia, voltada à luz da verdade, a militância jornalística a favor do candidato Lula. A grandiosidade da comunicação que se prende a isenção da informação, me parece ser letra morta, diante dessa geração robotizada.

O crime eleitoral aqui exposto é gravíssimo, reflete no resultado eleitoral, o que suscita no meu entendimento a impugnação da chapa Lula/Alckmin, se comprovado o mando por parte do petista Inácio Lula da Silva, que diante deste cenário inóspito, no mínimo enseja-se que renuncie sua pretensão de pleitear o honroso cargo de presidente da República. A meu ver, embora não me seja fácil expressar minha opinião, uma chapa contaminada e descredenciada para ocupar o mais alto e importante cargo da República.

É lamentável que essa manobra se comprovada, venha acontecer em pleno território do norte e nordeste cuja população é notavelmente, laboriosa e honrosa, assim por esse adjetivo entre outro meritório, é reconhecidamente o orgulho da nação. Nossos irmãos nordestinos com certeza a exemplo de outros rincões da nação não compactuam com atos que ferem e agridem a Democracia. Com a palavra a mais alta douta Corte da República. (Imagem: Arquivo).

Roberto Monteiro Pinho - jornalista, escritor, ambientalista, CEO em jornalismo Investigativo e presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa - ANIEscreve para Portais, sites e blog de noticias nacionais e internacionais. Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit, Topbooks) em revisão o livro “Os inimigos do Poder”.

 

terça-feira, 25 de outubro de 2022

 

ALERTA: O fenômeno da implosão dos posts nas redes sociais e o ativismo político da imprensa

ROBERTO MONTEIRO PINHO

O apoio a candidaturas, partidos e lideranças políticas é por excelência um instrumento de caráter intimo e privado. Não cabe a veículos de imprensa empreender campanha através de suas editorias, adotando viés político, que compromete o endosso de seus seguidores (eleitores), o que se constitui essa pratica num ardil a interesses tão sórdidos quando aos que ingressam no legislativo e no executivo, com objetivo de usufruir vantagens, até mesmo subliminar, compensado e por sua vez, através de moeda de troca com o pagamento de publicidade.

Em outras palavras, essa pratica não só fere princípios do direito do leitor/eleitor, mas também do próprio processo eleitoral, eis que o acesso a grande mídia é visível e privilégio dos que possuem capital para investir nesse meio criminoso de fazer jornalismo.

A regra editorial é soberbamente, alçada do proprietário de um jornal ou de seu conselho editorial. Os jornalistas podem saber que a decisão de qual candidato apoiar difere da execução da reportagem, mas seus eleitores não podem ser cooptados.

Estudos comprovam que a imprensa induz o leitor a sua linha editorial  

Um estudo publicado no *Journalism and Mass Communication Quarterly, muitos jornalistas passaram a ver os endossos editoriais como uma responsabilidade. Em 2020, o *Nieman Lab conversou com 64 jornalistas políticos com afiliações que variam de agências de notícias exclusivamente digitais a revistas nacionais e jornais locais e nacionais. E teve como sinal vital do desmando, em a maioria dos jornalistas entrevistados não questionou a capacidade de suas Redações de manter o muro metafórico entre os lados editorial e de reportagem, com um repórter se referindo a isso como “um firewall bastante rígido”.

A necessidade de explicar aos leitores a divisão entre um apoio do conselho editorial de um jornal e os outros jornalistas do jornal. Alguns repórteres disseram que as fontes perguntaram por que eles apoiaram o outro candidato.

Os jornalistas se viam esclarecendo que não haviam apoiado ninguém — seu conselho editorial sim. Como disse um jornalista: “Ninguém sabe a distinção entre o conselho editorial e os repórteres, e é nossa culpa não contar a eles. A cada 4 anos damos um tiro no pé”. Outro observou: “Os partidos políticos gostam de criticar algumas empresas de notícias, levando os espectadores a acreditar que uma empresa de notícias é tendenciosa”. Os apoios, acrescentou: “podem exacerbar essas noções preconcebidas”.

A maioria dos jornalistas, afirmaram que a prática de apoios políticos é um tanto arcaica e até mesmo imoral. Dos jornalistas entrevistados os defensores da ideia de apoios sentiram que a prática exacerbou o trabalho já árduo do jornalismo político, escamoteados pelas exigências e pressão política, complicado pela crescente polarização política e a total e inequívoca desconfiança do público. “Os leitores prestam pouca atenção a essa distinção entre opinião e não opinião”, disse-nos um jornalista – assinala a pesquisa. 

Notavelmente, ao delimitar a separação entre o quadro editorial e a Redação, os jornalistas o fizeram não só metaforicamente – evocando a imagem de uma parede separando os 2 – mas também gramaticalmente, por meio dos pronomes que usaram para nos explicar as práticas de sua Redação. Jornalistas que trabalhavam em Redações que ofereciam apoios usavam o termo “eles” para denotar o conselho editorial e enfatizar sua própria separação do processo de endosso.

Em contraste, quando os jornalistas estavam em Redações que não oferecem endossos, eles freqüentemente usavam o termo “nós” para descrever a prática, por exemplo, “nós não fazemos isso”. Um movimento retórico sinalizando que eles abraçaram e internalizaram essa posição. Um jornalista disse que eles realmente deixaram sua Redação porque ela publicava endossos editoriais, ou seja: Forçavam publicações tendenciosas.

Política editorial ética e justa

Alguns jornais já mudaram suas políticas. No período que antecedeu as eleições de 2020 nos EUA, McClatchy anunciou que os jornais de seu grupo não fariam apoios aos candidatos à Presidência, a menos que entrevistassem individualmente os 2 concorrentes. O Dallas Morning News tomou uma decisão semelhante de não apoiar nenhum dos candidatos em 2020, depois de receber uma reação negativa em 2016.

Os jornalistas entrevistados acharam os apoios editoriais mais valiosos nas eleições locais. Os tipos de relacionamento que os jornais locais cultivam com os leitores, eles disseram, são diferentes dos relacionamentos com os jornais nacionais.

Os jornais locais também desfrutam de níveis mais altos de confiança com os leitores do que os jornais nacionais. Isso pode tornar mais provável que o público perceba os apoios editoriais como um exemplo de jornais cumprindo sua promessa de informar o público, e não como exemplos de viés tendencioso da mídia, que se dá em dois aspectos, publicar matérias tendenciosas como prioridade e as demais, com menos ênfase e número de inserções.

Em contraste com as disputas estaduais e federais, os jornalistas argumentaram que em eleições locais, como vereadores ou eleições para prefeito, os candidatos geralmente concorrem como candidatos apartidários, o que pode tornar menos provável que o público veja os endossos editoriais por meio de uma lente partidária. Alguns indicaram que nas eleições locais – que muitas vezes acabam ofuscadas pela cobertura jornalística das corridas nacionais – muitas vezes faltam informações robustas sobre os candidatos. Isso, mais uma vez, poderia justificar as decisões dos jornais de emitir endossos editoriais como parte de seu serviço ao público.

Mas, com base na pesquisa, vale à pena considerar se o endosso dos meios de comunicação é uma tradição que continua a servir ao público, e que cada vez mais carece do uso da regra escrita e moral do profissional. (Imagem: Redes Sociais).

Fonte de pesquisa:

https://nieman.harvard.edu/

https://journals.sagepub.com/loi/JMQ

Roberto Monteiro Pinho - jornalista, escritor, ambientalista, CEO em jornalismo Investigativo e presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa - ANI. Escreve para Portais, sites e blog de noticias nacionais e internacionais. Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit, Topbooks), em revisão o livro “Os inimigos do Poder”.


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

 

DEBATE: 

Lula perdeu para Bolsonaro, na forma e conteúdo

ROBERTO MONTEIRO PINHO

O semblante de desânimo e abatimento do ex-presidente Lula (PT) ao fim do debate promovido neste domingo (16/10) pela Bandeirantes, em parceria com a Folha de S.Paulo, o portal UOL e a TV Cultura, resumiu em parte o que foi o encontro.

Lula entrou na campanha (e na transmissão) convicto de que se sairia melhor do que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao forçar a comparação entre seus governos.

No primeiro bloco, a estratégia funcionou em certa medida, quando de cara ele perguntou quantas universidades foram construídas ao longo de seu mandato.

Bolsonaro não soube o que responder.

Não demorou para os adversários entrarem no tema da pandemia. Até ali, nada de novo: Lula acusou o adversário de sabotar a vacinação, Bolsonaro disse que não errou em nada.

Ficou assim para o espectador o julgamento sobre o papel do atual governo durante a crise sanitária.

A tosse recorrente de Bolsonaro mostrava um candidato nervoso nos primeiros minutos.

A certa altura, ele tentou jogar o traficante Marcola no colo de Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin, ao dizer que ele não foi transferido para uma penitenciária de segurança máxima durante os ataques do PCC em 2006 porque teria um acordo com os governantes da época. Lula respondeu com números sobre a construção de presídios de segurança máxima em sua gestão.

Bolsonaro cometeu um erro ao associar um ato de campanha do ex-presidente no Complexo do Alemão, no Rio, a uma suposta simpatia de bandidos e traficantes. Lula respondeu dizendo que as pessoas da comunidade eram trabalhadoras e lembrou que foi um vizinho do presidente que foi preso com um arsenal de armas em sua casa num bairro de alto padrão.

Lula também pediu os créditos por ter realizado quase 90% das obras de transposição do Rio São Francisco, que Bolsonaro tenta faturar por inaugurar só agora os trechos finais.

O petista também se comprometeu a não alterar a composição do Supremo Tribunal Federal, enquanto Bolsonaro fugiu da pergunta, feita por Vera Magalhães, dizendo que se for reeleito terá mais dois indicados do seu lado.

Ali começou a abrir a caixa de ferramenta ao dizer que o ministro Edson Fachin só foi indicado ao Supremo após fazer campanha para o PT; ele associou a anulação das condenações de Lula na Lava Jato a uma canetada do magistrado. Era uma injustiça e tanto com um dos ministros que mais votaram a favor da Lava Jato durante os governos petistas, mas a injustiça ficou sem resposta. Lula já dava sinais de que saíra do controle.

No último bloco, como um time que parece cansado, Lula cometeu dois grandes erros.

Um deles foi ter deixado sem resposta, além dos dribles de sempre no assunto, uma série de acusações levantada pelo adversário a respeito da Petrobras.

O ex-presidente preferiu citar números da economia e do auge da estatal até ser alvejada pela operação.

Àquela altura Bolsonaro já tinha conseguido, como queria, tirar Lula do sério.

Em algum momento, o ex-presidente se esqueceu de que estava em um debate, e não em um palanque, e queimou o tempo disponível para alfinetar o rival com um comício improvisado.

Disse que seria eleito, voltou a prometer que em sua gestão os brasileiros voltariam a comer churrasco, falou das barbaridades do atual governo em relação à Amazônia, citou de passagem as rachadinhas e os crimes investigados pela CPI da Covid. Mas o campo acabou e ele saiu com bola e tudo. Foi seu grande erro em todo o debate (talvez em toda a campanha até aqui): deixou Bolsonaro sozinho com um latifúndio de cerca de sete minutos para falar o que bem quisesse.

Era como se todo o arsenal do gabinete do ódio ganhasse forma no discurso do presidente, que demonstrou saber de cor todas as pegadinhas e armadilhas que estimulam o ódio mais visceral ao PT e ao candidato petista.

Acusou Lula de andar com traficante, de querer liberar as drogas no país, de apoiar regimes de esquerda autoritários e querer censurar a imprensa. Aproveitou para dizer que ele era o candidato da família, que vai lutar contra ideologia de gênero e banheiros unissex nas escolas (um não assunto e uma não promessa que ele tenta associar ao rival). De bandeja, disse ainda que Lula queria voltar à cena do crime para surrupiar os cofres públicos.

Lula não tinha uma resposta à altura porque não tinha mais tempo. Mesmo com um minuto de tempo de resposta concedido sob protesto, era tarde para virar o jogo.

Faltou gás para as considerações finais.

Bolsonaro, que levou como troféu para o debate o senador eleito pelo Paraná, Sergio Moro, responsável pela condenação de Lula na Lava Jato, já não tossia nem ficava em silêncio.

Ao fim do encontro, ele seguiu batendo no adversário até mesmo ao ser perguntado por jornalistas sobre sua análise do debate.

Lula teve o mesmo tempo de exposição. Preferiu elogiar as regras da transmissão.

A cena final mostrou que Bolsonaro entendeu que tinha uma chance de ouro para explorar até a última gota a rejeição do adversário. Lula poderia ter falado no mesmo tom contra alguém que não sobrevive a dois minutos de apuração sobre a vida pública e privada, mesmo no campo em que tentou arrastar o rival, a corrupção.

O petista preferiu responder com sorrisos irônicos e acusações de que Bolsonaro mentia o tempo todo. Era mais um sinal de nervoso do que de confiança. Convenhamos: não é fácil jogar xadrez com quem move as peças botando fogo no tabuleiro.

Mas Lula deveria saber que seria assim. Parecia ter se preparado para um debate “comum” com alguém que já demonstrou do que é capaz.

Terá uma nova chance de corrigir a má impressão no debate da TV Globo.

Como num jogo de futebol, ele e sua equipe deveriam assistir ao replay dos lances da partida inúmeras vezes para não cair nos erros e armadilhas mais previsíveis do que as tentações autoritárias do atual presidente.

*Texto original de altíssimo nível profissional, do jornalista Matheus Pichonelli (Portal Yahoo)


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

GRAVE DENÚNCIA:

A falência das pesquisas eleitorais no país

1.Caso Proconsult;

2.Organizações Globo;

3.Ipec (ex Ibope);

4.Datafolha;

5.Fraudar resultados de pesquisa é crime?

O Brasil realizou em novembro de 1982 as primeiras eleições diretas para escolher governadores, foi no limiar da ditadura militar. O bipartidarismo entre a Arena – que dava sustentação à ditadura – e o MDB – única oposição autorizada — havia sido abolido.

No Rio de Janeiro, a disputa seria acirrada. E o estado tomou uma decisão: não usaria a Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), uma empresa pública, para totalizar os votos, que naquela época eram dados em cédulas de papel. O Tribunal Regional Eleitoral fluminense de forma abrupta, preferiu contratar uma empresa privada, a Proconsult, ligada a integrantes do regime dos generais. Durante a apuração, vieram as denúncias de tentativa de manipulação. Sob a tutela do “diferencial delta”, sistema fraudulento que era o manipulador dos números.

Na cena do maquiavélico crime eleitoral estava a Rede Globo de Televisão que preparou um conjunto de procedimentos para acompanhar a apuração no Rio. E nos resultados parciais, copilava dados dos números do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro - TRE – contaminados na origem pelo sistema denominado ‘diferencial delta’, tendo como fonte a famigerada Proconsult.

O forte esquema há época, quando o país ainda engatinhava no universo eletrônico, facilitou a tentativa de fraude nas eleições de 1982. Leonel de Moura Brizola disputou o cargo de governador do estado do Rio de Janeiro, levando ao poder o recém fundado PDT, em 1980, e foi à luta para enfrentar as eleições de 1982, as primeiras diretas ao governo dos estados desde o golpe de 1964.

Brizola (PDT), Miro Teixeira (PMDB), Wellington Moreira Franco (PDS), Sandra Cavalcanti (PTB) e Lysâneas Maciel (PT)

O trabalhista entrou na disputa pelo governo do Rio, figurando na parte debaixo das pesquisas, enfrentando na campanha o favorito Miro Teixeira (PMDB), com apoio do seu padrinho Chagas Freitas dono do jornal O DIA, o candidato do regime militar Wellington Moreira Franco (PDS), a herdeira do lacerdismo Sandra Cavalcanti (PTB) e Lysâneas Maciel (PT), fundado em 1980 e que disputava sua primeira eleição majoritária.

Nas eleições de 1982, os votos eram em cédulas de papel. O processo de contagem previa que os votos seriam apurados nas próprias mesas coletoras e, dali, os resultados parciais seguiriam em boletins para a totalização nas zonas eleitorais – no caso do Rio, a totalização geral era de responsabilidade da empresa Proconsult, que prometia agilidade e confiabilidade de resultados num tempo em que ainda havia quem denominasse os computadores de ‘cérebros eletrônicos’. 

Na zona sul do Rio de Janeiro, coordenei a fiscalização eleitoral, e na medida em que as folhas eram liberadas e fixadas nas paredes do local de apuração, era destacada uma cópia e após conferir e rubricar eu enviava para central de acompanhamento do pleito, onde os votos eram paralelamente, conferidos e totalizados. Em todas as zonas de apuração os atuantes fiscais do PDT faziam o mesmo.

A história veio se repetir, na apuração do TSE nas eleições de 2022, quando atingiu 87% da apuração.

O esquema da fraude seria colocado em prática na etapa de totalização final dos votos, quando, em função de um cognominado ‘diferencial delta’, (hoje o que chamamos de chupa cabra) os programas instalados nos computadores da empresa Proconsult, contratada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio para o serviço, subtrairiam uma determinada porcentagem de votos dados a Brizola transformando-os em votos nulos, ou promoveriam a transferência de sufrágios em branco para a conta do então candidato governista e dos militares golpistas, Moreira Franco.

A falsificação na contagem foi descoberta graças ao trabalho da imprensa, inclusive com ampla cobertura do jornal Tribuna da Imprensa, onde já atuava em sua editoria. Foi a partir do esquema de apuração paralela ao do TRE-RJ montado pela Rádio Jornal do Brasil – cuja cobertura daquelas eleições concorreu e levou larga vantagem sobre o aparato armado pelo conglomerado de mídia hegemônico no estado, as nada confiáveis Organizações Globo.

A fraude eletrônica foi descoberta pelo pedetista César Maia, (então candidato a deputado federal) que identificou o tal ‘diferencial delta’. Onde os programas [dos computadores] eram organizados de tal maneira que, para um determinado número de votos contados para Brizola, o sistema abatia automaticamente um determinado porcentual.

O ‘diferencial delta’

A história veio se repetir, agora na apuração do TSE nas eleições de 2022, quando atingiu 87% da apuração. nada diferente apesar dos anos. 

Diante do escândalo e a fraude exposta ao público os militares recuaram. Outro senão ficou por conta do refazimento da apuração, e com isso, os partidos teriam que enviar os boletins (em papel carbono-cópia, preenchidos a mão) para nova contagem. Dava para perceber rasuras de (0 virando oito, um virando sete) tudo em flagrante prejuízo a eleitos, a partir dai, foram subtraídos e manipulados votos de um candidato X para Z dentro, e lógico da preferência dos coronéis dos partidos.

O objetivo do SNI não era apenas a eleição de governador, mas sim [a tentativa de garantir] a influência no Colégio Eleitoral que ser reuniria para as eleições [presidenciais] indiretas de 1985. Por isso foram em cima do Pedro Simon, no Rio Grande do Sul, do Marcos Freire, em Pernambuco, e do Brizola, no Rio. O objetivo era o Colégio Eleitoral, para dar ao PDS [o partido governista de então] e assegurar a sucessão do general João Baptista Figueiredo.

Em meio à incerteza, numa reunião Brizola revelou que foi procurado por um dos mentores da fraude, um dos analistas de sistemas que fizeram o ‘diferencial delta’. Essa pessoa procurou o Brizola e ofereceu o mapa da fraude em troca da presidência da Companhia do Metrô ou do Banco do Estado do Rio de Janeiro. Em contrapartida dava a garantia de que a fraude não seria consumada. E o Brizola fingiu concordar. César Maia que trouxe o informante dominava o programa eletrônico, pressionou a Proconsult, exibiu os mapas paralelos da Rádio JB e travou a operação. Após a posse Brizola nomeou Cesar Maia para a presidência do Banerj.

Porque os institutos Datafolha, Ipec, Ipespe e Quaest erraram?

Os institutos, Modal Mais e o Paraná pesquisas, foram um dos poucos que indicaram cenários mais favoráveis a Bolsonaro, embora com números próximos, enquanto Datafolha, Ipec (ex Ibope), Ipespe e Quaest se perderam em suas avaliações, deixando entrever manipulação de dados, sempre a favor do candidato petista a presidência Luiz Inácio Lula da Silva. Os números variavam distancias de Bolsonaro para Lula com números de 14% a 11%.

Os últimos resultados previsto pelo Datafolha e pelo Ipec (ex-Ibope), no sábado (1/10), eram, respectivamente, 50% a 36% e 48 a 31%. Se não absurdo, revelar que Lula venceria no primeiro turno com 51% dos votos válidos.

A Pesquisa do desconhecido Arko/Atlas sobre divulgada na sexta-feira (30/9) apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente, com 50,7% dos votos válidos no primeiro turno, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 41%. O primeiro turno das eleições está marcado para 2 de outubro. Já os levantamentos divulgados na véspera do primeiro turno subestimaram números obtidos por Bolsonaro; em São Paulo, onde o candidato Tarcísio de Freitas terminou em primeiro, com larga diferença de Haddad, contrariando sondagens durante toda a campanha.

Ipesp (ex-Ibope) se mostrou tendencioso ao mascarar pesquisa

Na véspera da eleição sábado (1/10), antes do primeiro turno, Lula tinha 50% das intenções de votos válidos, enquanto Bolsonaro aparecia com 36%, segundo pesquisa Datafolha. No mesmo dia, pesquisa o Globo/Ipec mostrou o petista com 51%, (já eleito) e o presidente, com 37% (derrotado). Por outro a pesquisa Ipespe divulgada no sábado (01/10) trazia Lula com 49%, e Bolsonaro, com 35%. A Genial/Quaest da mesma data indicava, respectivamente, 49% e 38%. O primeiro levantamento tinha margem de erro de três pontos percentuais; o segundo, de dois pontos. Nada se confirmou, nem mesmo a eleição de Lula.

No Rio de Janeiro e São Paulo erros imperdoáveis

Ainda no Sudeste, o governador Cláudio Castro (PL) foi reeleito no primeiro turno das eleições, com 58,66% dos votos; na seqüência apareceu Marcelo Freixo (PSB), com 28%. Os números levam em conta 99,96% das urnas apuradas.

Pesquisa Globo/Ipec para o governo do Rio de Janeiro mostrava o governador Castro à frente, com 47% dos votos válidos. Marcelo Freixo (PSB) estava com 28%. Mais uma vez, a margem de erro era de dois pontos percentuais.

Em São Paulo, com 100% das urnas apuradas, Tarcísio de Freitas (Republicanos) recebeu 42,32% dos votos; Fernando Haddad (PT), 35,70%. Já o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), ficou com 18,4%.

Pesquisa Datafolha para o governo de São Paulo divulgada no último sábado (1/10) mostrava Haddad à frente, com 39% dos votos válidos, seguido por Tarcísio, com 31%, e Rodrigo Garcia, com 23%. Apesar do levantamento indicar margem de dois pontos percentuais, a inversão do resultado a favor de Tarcísio, foi um dos piores momentos da desastrosa performance dos institutos de pesquisas no país.

No Rio Grande Sul erraram tudo. Governo e Senado

Para o governo do Rio Grande do Sul, a pesquisa Ipec do último dia 30 apontava Onyx Lorenzoni 30% dos votos válidos, Eduardo Leite aparecia com 40%. Nas urnas, no entanto, Onyx registrou 37,50% – Leite ficou com 26,81%. A margem de erro em ambas era de 2 pontos percentuais. Com isso, a diferença da pesquisa para as urnas foi de -13,19% para Onyx e 7,50%.

Já na disputa ao Senado pelo Rio Grande do Sul, o vice-presidente Hamilton Mourão ficou com 44,11% dos votos neste domingo. Olívio Dutra, 37,85%. A pesquisa Ipec do dia 30 apontava Mourão com 28% dos votos válidos e Dutra com 36% – a diferente entre as urnas e a pesquisa ficou em 16,11% para Mourão, e -1,85% para Dutra.

Os Institutos Datafolha, Ipec, Quaest, Ipespe, Paraná, MDA, Atlas e PoderData foram procurados pelo colunista para que comentassem o tema. Mas não se manifestaram, sequer dispunham de uma assessoria de comunicação para atender a imprensa.

Em minha opinião diante dos fatos aqui narrados e por tudo que a sociedade brasileira assistiu na fase pré campanha, requer a instalação de um CPI no Congresso para apurar se houve compra de resultados nas pesquisas divulgadas pelos institutos que atuaram durante o processo eleitoral. E por conseqüência punir os responsáveis.

ROBERTO MONTEIRO PINHO - jornalista, editor, escritor, ambientalista, CEO em jornalismo Investigativo e presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa - ANI. Escreve para Portais, sites e blog de notícias nacionais e internacionais. Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit. Topbooks) e concluindo o livro “Os inimigos do Poder”.