ANÁLISE &
POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Bolsonaro extrapola e provoca indignação pública
O presidente Jair Bolsonaro (PSL), após extrapolar num assunto polêmico e de ordem dos direitos humanos, tentou amenizar as declarações dadas na manhã de segunda-feira quando atacou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz, ao dizer que “ele não gostaria de saber como o pai dele morreu, durante o período da ditadura militar”. Nesta tarde, e isentou os de qualquer relação com o desaparecimento.
A versão do presidente, é que o
crime teria sido integrantes da própria Ação Popular, grupo o qual, Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira fazia parte,
responsáveis pelo desaparecimento. “Eles resolveram sumir com o
pai do Santa Cruz. Essa é a informação da época”, disse, acusando a Ação
Popular do Recife de ser “o grupo terrorista mais sanguinário que existia”.
Anistia Internacional repudia declarações do presidente
A Anistia Internacional divulgou
no início da tarde desta segunda-feira, 29, uma nota de repúdio aos
comentários do presidente Jair Bolsonaro sobre Fernando Augusto de Santa Cruz
Oliveira, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe
Santa Cruz. Oliveira foi morto durante a ditadura militar. E pediu que o caso
seja levado à justiça.
"É terrível
que o filho de um desaparecido pelo regime militar tenha que ouvir do presidente
do Brasil, que deveria ser o defensor máximo do respeito e da justiça no País,
declarações tão duras", afirmou a diretora-executiva da Anistia no Brasil,
Jurema Werneck.
Lei da Anistia
"O Brasil deve assumir sua responsabilidade, e adotar todas as medidas necessárias para que casos como esses sejam levados à justiça. O direito à memória, justiça, verdade e reparação das vítimas, sobreviventes e suas famílias deve ser defendido e promovido pelo Estado Brasileiro e seus representantes". Em nota, a Anistia informou ainda que defende a revogação da Lei da Anistia, de 1979, "eliminando os dispositivos que impedem a investigação e a sanção de graves violações de direitos humanos, a investigação e responsabilização dos crimes contra a humanidade cometidos por agentes do Estado durante o regime militar".
"O Brasil deve assumir sua responsabilidade, e adotar todas as medidas necessárias para que casos como esses sejam levados à justiça. O direito à memória, justiça, verdade e reparação das vítimas, sobreviventes e suas famílias deve ser defendido e promovido pelo Estado Brasileiro e seus representantes". Em nota, a Anistia informou ainda que defende a revogação da Lei da Anistia, de 1979, "eliminando os dispositivos que impedem a investigação e a sanção de graves violações de direitos humanos, a investigação e responsabilização dos crimes contra a humanidade cometidos por agentes do Estado durante o regime militar".
Doria criticou as declarações do presidente
O
governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou na tarde de segunda-feira
(29) a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre o desaparecimento do pai
do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Em
declaração a FolhaPress.
–
É inaceitável que um presidente da República se manifeste da forma que se
manifestou em relação ao pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Foi uma
declaração infeliz – afirmou.
A declaração de Doria
ocorreu em evento de anúncio de investimentos de uma companhia de celulose no
estado, no Palácio dos Bandeirantes. – Não posso silenciar diante desse fato.
Eu sou filho de um deputado federal cassado pelo golpe de 1964 e vivi o exílio
com meu pai, que perdeu quase tudo na vida em 10 anos de exílio pela ditadura
militar – disse o governador.
Moro
e Guedes/Invasão dos
hackers
Após a
revelação do Ministério da Justiça de que celulares utilizados por Jair
Bolsonaro também teriam sido invadidos pelos mesmos hackers que vitimaram os
ministros Sergio Moro e Paulo Guedes, além de outras autoridades, o presidente
minimizou o incidente, dizendo que não há "nada que comprometa" nos
aparelhos.
"Por
ser capitão do Exército, sempre tomei cuidado. As informações estratégicas não
eram passadas por telefone. Então, não estou nem um pouco preocupado se algo
vazar do meu telefone. Não tem nada que comprometa", disse o presidente
durante a participação em um evento de entrega de medalhas militares em Manaus.
Prisão dos suspeitos
O
juiz Vallisney de Souza Oliveira , da 10ª Vara Criminal do Distrito
Federal, autorizou a prisão temporária dos quatro suspeitos de integrarem uma
quadrilha supostamente responsável pela invasão hacker ao celular
de Moro e outras autoridades na última terça-feira (23).
No dia seguinte, o casal Gustavo Henrique
Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira foi detido em São Paulo, Walter
Delgatti Neto foi preso em Araraquara e Danilo Cristiano Marques foi capturado
em Ribeirão Preto. Todos são naturais de Araraquara e se conhecem.
Explicações
Delgatti Neto, conhecido como
" Vermelho " e dono de uma ficha criminal extensa, foi o
único a admitir participação no crime. Gustavo Henrique Elias Santos, por
sua vez, negou ser um dos hackers e também apontou para "Vermelho",
afirmando que viu algumas das mensagens de autoridades vazadas em posse do
amigo.
As investigações que resultaram na operação
começaram após os ataques sofridos por Moro. Há pouco mais de dois meses, ele
teria sido alvo de uma tentativa de invasão de suas contas no aplicativo Telegram.
Em apresentação para mostrar como se deram as
investigações que chegaram ao grupo de hackers , nesta quarta-feira
(24), o delegado federal da PF, João Vianey Xavier Filho,
disse que o número de vítimas alvo do ataque é alto.
Paulo
Guedes foi hackeado
"Identificamos que cerca de mil números
diferentes foram alvos desse mesmo modus operandi dessa quadrilha. Há
possibilidade de um número muito grande de possíveis vítimas desse ataque que
está sendo investigado agora", afirmou o delegado.
Luiz Spricigo Jr., perito criminal federal
que também participou da coletiva, revelou que há um "forte
indicativo" que o ministro Paulo Guedes também foi hackeado, como
informado na última segunda-feira (22).
"Com um dos investigados estava uma
conta vinculada ao nome do ministro Paulo Guedes . Ainda temos que
confirmar, mas é um forte indicativo de que a conta seja realmente a do ministro",
ressaltou Spricigo Jr.
Estelionato
eletrônico
Xavier Filho reiterou ainda que o intuito do
grupo é praticar o chamado estelionato eletrônico, com fraudes fiscais com
internet banking e cartões de crédito com o intuito de obter benefícios em
dinheiro. "Foi localizada uma quantia razoável de dinheiro, quase R$ 100
mil em espécie, que já estão depositada em juízo", revelou.
As autoridades também disseram que estão em
contato com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para "isolar
as fragilidades" e que "vão pedir reunião para compartilhar o que foi
apurado" na tentativa de evitar que o golpe dos hackers seja
replicado para outras vítimas.
Banco
do Brasil prepara demissão em massa
O Banco do Brasil (BB) vai oferecer incentivos
que variam de R$ 20 mil a R$ 200 mil para funcionários que se demitirem
voluntariamente. A medida faz parte do Programa de Adequação de Quadro (PAQ),
anunciado na manhã de segunda-feira (29/7). Pelo
que ficou acertado, o trabalhador com até 20 anos de empresa receberá 7,8 salários brutos como incentivo para o
desligamento. Os funcionários da estatal com duas décadas ou mais de casa
poderão receber até 9,8 salário.
Também está em estudo a possibilidade de que o BB pague
o plano de saúde destes funcionários por mais um ano, incluindo os dependentes.
O trabalhador que aderir ao PAQ também deve ficar isento de pagamento de custos
de treinamento, como cursos, graduação, idiomas e certificações.
De acordo com o BB, o PAQ busca otimizar a
distribuição da força de trabalho, equacionando os excessos de pessoal nas
unidades da instituição financeira. O programa vai em direção à “revisão” e
“redimensionamento” da estrutura organizacional.
Postos
Avançados
Uma das medidas é reduzir o número de agências, formando
333 delas em Posto de Atendimento Avançado (PAA), que são pontos destinados a
municípios desassistidos de serviços bancários e possuem estrutura reduzida de
funcionários.
A implementação dessas ações ocorrerá no segundo
semestre de 2019. O impacto financeiro do programa será divulgado até o final
de agosto e não altera as projeções divulgadas para 2019.
“O Banco do Brasil reitera que estas e outras
iniciativas se alinham ao propósito de ampliar a competitividade, por meio da
transformação digital e do dinamismo do modelo de atendimento e
relacionamento”, completou o fato relevante.