ANÁLISE &
POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Nova Previdência ainda patina no desentrosamento do Planalto
A Nova Previdência caminha
confusa e incerta e patina, com a crise política causada por divergências entre
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Sérgio Moro (ministro da
Justiça), Paulo Guedes (Economia) e o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Ações
refletem as dificuldades
O Ibovespa, principal índice
acionário do país, terminou o último pregão de março com alta de 1,09%, a
95.414 pontos. O giro financeiro, de R$ 15,3 bilhões, ficou abaixo da média
diária do ano, que é de R$ 16,8 bilhões. Apesar da turbulência externa,
investidores estrangeiros voltaram a aplicar dinheiro na Bolsa local, deixando
o saldo do ano positivo em R$ 2,1 bilhões (até 27 de março).
Em 2018, foram retirados R$
11,5 bilhões do mercado doméstico. No mês, a Bolsa fechou com queda de 0,18%,
praticamente estável, mas 5% abaixo da máxima histórica de 100 mil pontos,
atingida na semana passada. “A tendência primária é de alta. Mas houve um problema
político complicado, então acho que daqui para frente vai continuar tendo
volatilidade”, acrescentou Bandeira.
Caminhoneiros...
Os economistas minimizaram o
risco de uma nova paralisação dos caminhoneiros, que se mobilizam contra o
aumento nos preços dos combustíveis. “A Petrobras já deu respostas quanto à
alta do diesel (Cartão Caminhoneiro e reajuste quinzenal). Fora que uma nova
paralisação não pegaria todos de surpresa, como da primeira vez. Os efeitos não
seriam tão negativos, pois o mercado já sabe como reagir”, afirmou Freitas.
No exterior, os mercados
também entraram em fase de acomodação à medida que investidores reforçam suas
apostas no fim da guerra comercial entre Estados Unidos e China. A pauta é
considerada crucial para mitigar riscos de desaceleração mais aprofundada da
economia global. Na próxima semana, haverá um novo encontro entre os dois
países. A
Dólar...
A incerteza global, ao lado
da crise política, teve impacto também sobre o dólar, que termina o mês acima
dos R$ 3,90. A valorização acumulada pela moeda foi de 4,34%, a R$ 3,9170.
A baixa do real ante o dólar
só perdeu para o peso argentino e para a lira turca, indicando que o cenário
externo pesou sobre os emergentes de uma forma geral. Daqui para frente, porém,
a expectativa é que o clima arrefeça.
Cachaça &
Política na entrevista de Lula
O presidente Jair Bolsonaro rebateu a
crítica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo quem o
Brasil está sendo governado por "um bando de malucos". "Pelo
menos não é um bando de cachaceiros, né?", respondeu Bolsonaro neste
sábado (27).
"Olha, eu acho que o Lula,
primeiro, não deveria falar. Falou besteira. Maluco? Quem era o time dele?
Grande parte está preso ou está sendo processado", disse o presidente. Segundo
Bolsonaro, Lula "tinha um plano de poder onde, nos finalmentes, nos
roubaria a nossa liberdade, tá ok?". Para ele, "é um equívoco, um erro
da Justiça ter dado o direito a dar uma entrevista. Presidiário tem que cumprir
sua pena e não dar alteração".
Entrevista foi pouco aguda, e mais irônica
Lula deu
uma entrevista exclusiva aos jornais Folha de S.Paulo e El País na sexta-feira
(27) em uma sala preparada pela Polícia Federal na sede do órgão em Curitiba,
onde está preso desde abril do ano passado.
Depois
de uma batalha judicial, na qual a entrevista chegou a ser censurada pelo STF
(Supremo Tribunal Federal), a decisão foi revista na semana passada pelo
presidente da corte, Dias Toffoli.
Dória detonou Lula
O governador de São Paulo, João
Doria (PSDB), criticou no domingo (28) a entrevista concedida pelo ex-presidente
Luiz Inácio lula da Silva aos jornais Folha de S.Paulo e El
País , em que disse, entre outras coisas, que o Brasil era governado
por “um bando de maluco”. “Me surpreendeu
a entrevista. Nunca vi presidiário dar entrevista na prisão. É um fato inédito
no Brasil. O ex-presidente e presidiário Luiz Inácio Lula da Silva parece estar
em um processo avançado de esclerose”, disse João Doria.
O tucano falou com jornalistas
após participar da convenção estadual do DEM na Assembleia Legislativa ao lado
do vice governador, Rodrigo Garcia, que foi eleito presidente da sigla no
Estado. Questionado sobre uma possível candidatura presidencial em 2022, Doria
foi evasivo. “Cada passo é um passo. Cada tempo é seu tempo. Agora é tempo de
gestão", afirmou.
Sindicatos a deriva
A rejeição à proposta de reforma da Previdência do governo de Jair
Bolsonaro (PSL) e o crescente de desemprego vão unir nove entidades sindicais e
duas frentes populares em um ato unificado em São Paulo no dia 1º de maio, em
que se comemora o Dia do Trabalho.
Fim do desconto
em folha de servidores sindicalizados
Uma manifestação unificada da Central Única dos Trabalhadores
(CUT) na cidade que é berço do sindicalismo, promete muito barulho. Além dos
temas políticos, as centrais também estão unidas por questões financeiras. O
fim da contribuição sindical obrigatória e a Medida Provisória (MP) 873,
editada em março e que dificulta a cobrança da contribuição dos trabalhadores
sindicalizados, reduziram as fontes de recursos das centrais. A MP 873 proíbe o
desconto em folha dos trabalhadores sindicalizados e obriga o pagamento via
boleto.
"Há uma conjuntura política que une as centrais, mas as
questões financeiras também pesam. O governo dificultou a forma de arrecadação
dos sindicatos ao proibir o desconto em folha e obrigar o pagamento via boleto.
Esse ato conjunto também é um enfrentamento da política governamental que está
enfraquecendo a atividade sindical ", explicou Otávio Pinto e Silva,
professor de Direito do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP).
Após a professora Duda Salabert anunciar sua desfiliação do PSOL, o
partido prometeu que vai enfrentar a transfobia internamente. Esta semana, a
primeira trans a disputar uma vaga no Senado emitiu uma nota em que dizia que
deixava a legenda por “não concordar com a transfobia estrutural do partido”.
Promessa de combater privilégios
Segundo ela, não seria possível que ela endossasse uma estrutura que “se
apropria da luta e da identidade trans para privilegiar figuras e candidaturas
já privilegiadas”. Mesmo assim, Duda afirmou que irá continuar com seu ativismo
por uma sociedade mais justa. “No atual contexto de crise da democracia,
entendo que ocupar a política e disputar as eleições não me é uma escolha, mas
uma obrigação”, disse em seu posicionamento.
Depois do anúncio da professora, a executiva estadual do PSOL em Minas
Gerais foi procurada pela reportagem. A administração emitiu uma nota em que
dizia que a luta de Duda era “de grande importância para todos nós” e prometeu
combater preconceitos dentro da legenda.
Eleição na Espanha
A eleição na Espanha, o Partido
Socialista Operário da Espanha (PSOE) foi o mais votado, somou 123 deputados. A
legenda Unidos Podemos conquistou 42 assentos. Ambos têm 165 deputados, longe
da maioria absoluta de 176. A coalizão de esquerda precisará do apoio de outros
partidos para governar.
Estreante
Vox de extrema-direita fez 24 deputados
O bloco da esquerda venceu a
coalizão de direita e extrema-direita, que ficou ainda mais longe da maioria,
com 147 deputados. O Partido Popular (PP) obteve o pior resultado da história,
com 66 cadeiras. O Ciudadanos, partido de centro-direita, conseguiu 57
assentos. A legenda de extrema-direita Vox estreou no parlamento, com 24
deputados.
Apego a
Constituição
No discurso da vitória, o atual
primeiro-ministro e líder socialista, Pedro Sánchez, deixou recados. Ele
afirmou que trabalhará por liderança pró Europa e uma Espanha unida sob a
Constituição. Sánchez só poderá governar com alianças. O líder do Unidos
Podemos, Pablo Iglesias, quer ser vice-presidente do governo.