ANÁLISE &
POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
MP reabre
o caso do assassinato de “Celso Daniel”
Em
depoimento dado ao Ministério Público de São Paulo, o empresário Marcos Valério
afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos mandantes
do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, ocorrido no ano de
2002. O documento foi divulgado na manhã da sexta-feira (25) pela revista Veja.
Em
depoimento dado ao Ministério Público, Valério contou que participou de reunião
com o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, em 2003. Nela, ele afirmou
que o empresário Ronan Maria Pinto estava chantageando a alta cúpula do
Planalto com revelações sobre o assassinato de Celso Daniel. Ele teria pedido
que o silêncio de Ronan fosse comprado.
Depoimento aponta Lula como mandante
A
motivação do crime, segundo Valério, era o fato de que Celso Daniel se
comprometeu a pagar pela caravana de Lula durante campanha no Brasil, mas não
quis envolver a prefeitura de Santo André em casos de corrupção que só
serviriam para enriquecimento pessoal do grupo.
Segundo
Valério, ele, Ronan e Delúbio Soares, antigo tesoureiro do PT,
participaram da reunião em um hotel de São Paulo. Depois disso, eles acertaram
um "empréstimo" de 12 milhões com um banco para comprar o silêncio de
Ronan em troca de um contrato de operação da Petrobras.
Antes de
fechar a negociação, porém, Ronan teria contado que “não pagaria o pato”
sozinho e “afirmou com muita clareza e um modo muito simples que lhe é próprio
que iria apontar o presidente Lula como mandante da morte do prefeito Celso
Daniel”.
Segundo a
revista, apesar da morte de Celso Daniel ser considerada um "crime
comum", as informações fornecidas por Marcos Valério fizeram o promotor
Roberto Wider Filho encaminhar o depoimento a um grupo do Ministério Público e
iniciar uma investigação sigilosa.
O julgamento da prisão na segunda instância
Na quinta-feira 24) a ministra do
STF Rosa Werber, pode ter dado o voto considerado decisivo, contrário a
aplicação da prisão em segunda instância antes do esgotamento de todos os
recursos. Ela acompanhou o ministro-relator Marco Aurélio de Mello ao
entender que a prisão só deve ocorrer após a sentença condenatória ter
transitado em julgado e indica que a Corte deve se posicionar para rever o
posicionamento que prevalecia até então. Quatro dos 11 magistrados ainda
precisam votar. Entre eles, estão Gilmar Mendes, Celso de Mello e o presidente
do Tribunal, Dias Toffoli.
Até o momento, o trio tem sido contrário a execução da pena na segunda instância. Além do trio, falta votar a ministra Cármen Lúcia, favorável à antecipação da pena. Se esta tendência for confirmada, seriam seis votos a favor da revisão do entendimento da corte, formando maioria, o que pode liberar, para responder em liberdade, pelo menos 4.895 presos em todo o país, incluindo 38 detentos da Lava-Jato, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Até o momento, o trio tem sido contrário a execução da pena na segunda instância. Além do trio, falta votar a ministra Cármen Lúcia, favorável à antecipação da pena. Se esta tendência for confirmada, seriam seis votos a favor da revisão do entendimento da corte, formando maioria, o que pode liberar, para responder em liberdade, pelo menos 4.895 presos em todo o país, incluindo 38 detentos da Lava-Jato, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula seria
beneficiado?
Outra possibilidade, considerada
como uma espécie de terceira opção e que pode ser proposta pelo ministro Dias
Toffoli é que a prisão só ocorra a partir da manutenção da sentença condenatória
no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Dessa forma, é criada uma execução
provisória após a terceira instância, deixando nas mãos do STF a última
possibilidade de absolvição. Prevalecendo a terceira via, Lula não seria
beneficiado, pois já foi condenado também no STJ.
Toffoli informou que o julgamento
deve continuar no começo de novembro, pois na semana que vem não haverá sessões
plenárias no Supremo. O ministro declarou que ainda não formulou seu voto e que
está aberto aos argumentos dos demais integrantes da corte. “A princípio será 6
ou 7 de novembro (a retomada do julgamento). Estou pensando o meu voto. Estou
aberto a ouvir todos os debates. Meu voto não é um voto de bancada. Ele também
tem o cargo da representação do Tribunal como um todo”, disse.
Votos e entendimentos...
Além de Rosa, Marco Aurélio de Mello e Ricardo Lewandowski votaram para mudar o atual entendimento da Corte, que permite a execução antecipada da pena. A medida é considerada um dos pilares da Operação Lava-Jato e um dos instrumentos que incentivou acordos de colaboração premiada.
É esperado que integrem essa mesma corrente os ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello, totalizando cinco votos. No outro lado, os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux votaram favoráveis a possibilidade de prisão após condenação em segundo grau. O voto da ministra Cármen Lúcia deve ir no mesmo sentido.
O entendimento atual do Supremo é
que permite a prisão após a condenação em segunda instância, mesmo que ainda
caiba recurso. Mas, para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o entendimento
é inconstitucional. A entidade é uma das autoras das três ações declaratórias
de constitucionalidade (ADCs), que levaram ao atual julgamento. (Com agências)
O petróleo nas praias do nordeste...
O
presidente Jair Bolsonaro associou a ONG Greenpeace ao derramamento de óleo nas
praias do Nordeste. Em conversa com jornalistas na China, o presidente afirmou
que trata-se de um "ato terrorista". "Para mim isso é um
ato terrorista. Para mim, esse Greenpeace só nos atrapalha", afirmou Bolsonaro
ao ser questionado sobre os comentários do ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles.
Em sua
conta do Twitter, o ministro havia publicado uma foto de um navio do Greenpeace
associando a ONG ao derramamento de óleo. "Tem umas coincidências na
vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em
águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do
derramamento de óleo venezuelano…", escreveu. No entanto, a imagem é de
2016 e foi tirada no oceano Índico.
Reforma administrativa/O fim da estabilidade
no serviço público
Após
chegar a Abdu Ghabi, nos Emirados Árabes, como parte da visita que faz a
países do Oriente Médio, o presidente indicou que o próximo passo do governo
deverá ser a reforma administrativa. Como já Jair Bolsonaro vinha sendo
discutido ao longo desta semana, ele defendeu o fim da estabilidade para
os novos servidores públicos, mantendo inalterados os direitos já adquiridos
por aqueles que estão na ativa.
"Conversamos
com o Rodrigo Maia, com o Davi Alcolumbre. Acredito que a reforma
administrativa seja a melhor para o momento. Tem proposta já adiantada na
Câmara. Não vamos buscar quebrar a estabilidade do servidor. Depois da
promulgação dessa PEC, caso ela seja promulgada um dia, queremos mudar essa
forma de relação de prefeituras e estados que exageram no número de servidores",
disse Bolsonaro na coletiva.
Paulo Guedes e Previdência
Ele
justificou a ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na comitiva,
explicando que ele não poderia se ausentar por tanto tempo do país. Frisou,
contudo, que se mantém a par da agenda econômica brasileira recebendo
informações do assessor do ministro.
Bolsonaro
defendeu ainda a reforma da Previdência, que comparou a uma “quimioterapia”
para o país. Ele reforçou que o governo vem tendo apoio do Parlamento,
realizando reformas que “se tentavam há 20, 30 anos, e estão aparecendo”.
"O
Parlamento tem dado sinal positivo. A Câmara votou com nosso apoio a base de
Alcântara com os Estados Unidos. É fazendo o dever de casa. Sabemos que a
reforma da Previdência por vezes parece uma quimioterapia. Se faz necessária e
não podemos sucumbir. Peguei o Brasil arrebentado economicamente", finalizou.