PETRÓPOLIS:
Uma tragédia que se repete, e revela a omissão pública e desrespeito a vida
humana
O
país assiste atônito uma das suas mais desumanas e impressionantes catástrofes,
que no momento da edição desta nota, registrava 205 vidas perdidas, todas levadas
pela ação da natureza, que após torrenciais chuvas, dizimou a cidade colonial de
Petrópolis, localizada na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Em que
pese à natureza ter sido madrasta, antes mesmo do evento, o desenho
arquitetônico da região, as construções em áreas de risco, não sofreram nenhum ingerência
do poder público fiscalizador. O resultado é sem dúvida um misto de imprudência,
má gestão pública e natureza.
O
desvio e o mau uso do dinheiro público, recebido por estados/municípios,
raramente é aplicado em suas finalidades. Os tribunais de contas vêm sendo mero
espectadores dos atos, negligentes e carimbadores dos mais criminosos atos praticados
pelos maus políticos, enquanto poucos são punidos e afastados da vida pública.
Refém de um sistema político rarefeito pós Constituição de 1988, levando em seqüência
a existência de 33 siglas eleitorais, a maioria, que sequer segue o seu
Estatuto, e raramente discutem temas dessa natureza, a não ser quando ocorrem
as catástrofes, a exemplo a de Petrópolis.
Assim
tem sido com Brumadinho, em janeiro de 2019, onde a Cia Vale do Rio Doce, por
desleixo e total ausência do poder público, que fez vista grossa, diante do fato
que a represa oferecia risco de rompimento. A região serrana do Rio de Janeiro
foi alvo da maior tragédia climática da história do Brasil. No dia 11 de
Janeiro de 2011 deixou um rastro de destruição com mais de 900 mortos e quase
100 desaparecidos, nas cidades de Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.
A tragédia causada pelo
rompimento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana, em Minas Gerais, já
completou seis anos, dezenove pessoas, entre moradores da região e
trabalhadores da mineradora Samarco, perderam suas vidas naquela tarde de
novembro de 2015 e milhares de moradores perderam seus meios de sobrevivência.
Com o rompimento da barragem, controlada pelas mineradoras Vale, Samarco e BHP
Billiton, foram lançados mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de
minério de ferro na bacia do Rio Doce.
Descaso público
Petrópolis é o reflexo de outras tragédias do país, são
registros que leva a conclusão da falta de gestão, dos desvios de recursos que
deveriam ser aplicados em assentamentos fora de zonas de risco, contenção de
encostas, saneamento básico, reconstrução de residências ou obras de infra estrutura,
principalmente de residentes da periferia, que não têm rede pluvial ou de
esgotos. Este é o cenário, e o povo está refém dele.
Bem lembrado os tsunamis na Ásia, são bastante comuns, e por
essa razão possuem serviços de alerta, instalado após a tragédia de 2004, que
matou aproximadamente 230 mil pessoas, a maioria em praias das ilhas de vários
países. A catástrofe, ocorrida em 15 de janeiro, se repete em Petrópolis
ciclicamente, com maior ou menor gravidade. E perguntamos o que fizeram os
prefeitos e autoridades estaduais da serra fluminense, desde 1988 e 2011,
quando fatos muito semelhantes aconteceram?
Precisamos
urgente de um órgão técnico federal, profissional da área, fiscalizador comprometido
com o viés da segurança urbana e rural, e que seja principalmente apolítico,
comprovadamente descontaminado dos vícios, de uma estrutura de serviço público,
mesquinho, preguiçoso e desleixado, que povoa o país, percebendo os maiores salários
do planeta, sem com tudo dar conta do seu mister de servir a comunidade.
A política não ajuda e só atrapalha?
O
quadro político brasileiro espelha toda mesquinharia de senhores dos donos de
partidos, que se comportam como investidores de negócios, apostando no Cassino
das siglas, envolvidos em arranjos escusos, adocicados com dinheiro do
famigerado Fundo Partidário, cuja verba serve tão somente aos caciques das
siglas. Ousa-se dizer que até mesmo o dinheiro ilícito, é bem vindo, desde que
atenda a busca pelo poder, e o resto que se dane!
Recente
assistimos a CPI da Covid no Senado federal, quando ali, foram citados e comprovados
que governadores e prefeitos usaram o dinheiro da saúde, para proveito próprio,
tendo como prova, colhidas nas operações da Polícia Federal, a compra de
produtos médicos superfaturados, pagamento de propinas, como se fosse tão
somente um negócio, que infelizmente teve respaldo da mais alta Corte do país o
STF, quando deu as raposas o aval para que a verba pública, fosse usada, sem a necessidade
de prestação de contas.
CPI da mentira serviu de palanque
eleitoreiro
Uma
CPI fraudada, politiqueira, ganhou foco da mídia comprometida com a militância
política, e foi claramente conduzida de forma tendenciosa recheada de questões
pontuais indignas de parlamentares que precisam incontinente honrar o apoio
popular, que os sufragaram nas urnas de 2018.
A
catástrofe de Petrópolis merece urgente uma CPI, e essa deve ser rigorosa,
urgente e honrosa. As cenas desumanas que assistimos, é o registro do descaso
público. Foram áreas devastadas pelo desmoronamento, de pedras, terra e lama,
pedaços da bucólica cidade que por sua natureza cultural, merecia maior alento
e cuidado com o patrimônio que compõe cenário universal da comunidade mundial
no arcabouço histórico.
Por: Roberto Monteiro Pinho/Agência
Brasil/Comunicaçãoecrise.com/Imagem: Ideias Internet.