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terça-feira, 20 de setembro de 2022

O que pensam os eleitores brasileiros?

A conturbada eleição presidencial aos olhos atônitos do eleitor soa como a mais solene das incertezas. Perguntem a um pai ou mãe o que desejam para sua família? Perguntem para o desempregado o que ele deseja? Ao micro e pequeno empreendedor que são os responsáveis por mais de 100 milhões das vagas de trabalho, e são eles que ditam a oscilação da moeda, que dinamizam a distribuição de renda e dá suporte a economia, sucateada, por impostos exorbitantes, inúteis em sua maioria e que sequer se traduzem em beneficio do social, educação, saúde, mobilidade urbana, moradia e segurança, entre outros.

Ninguém tem dúvida que temos a maior e a pior máquina pública do planeta. É serviços “chapa branca”, prestados sem o menor comprometimento, trato urbano, e a entrega do necessário para suprir interesses, dos mais variados, começando pelo judiciário, que se tornou um bólido de truculência jurídica, cujas decisões, em sua maioria não atende a necessidade, sequer alimentar, protetiva e de punição exemplar aos recalcitrantes golpistas que orbitam o sistema financeiro brasileiro, tendo como protagonistas o sistema bancário.

Cooptados pela ilusória democracia e a harmonia entre os poderes da República, assistimos toda sorte de tropeços, embates, e ações indignas de um parlamento e a mais alta corte da nação. São decisões politizadas, com seus ministros atuando como militantes, deixando a míngua os interesses do cidadão-consumidor, a exemplo de recente decisão, que protege os planos de saúde, em detrimento das necessidades dos seus segurados.

Neste cenário inóspito, está a eleição. Uma polarização, regada as mais inusitadas formas de fazer campanha, onde as redes sociais invadem os smartphones, tendo como principio a chacota, declarações inúteis, publicações de baixo nível, e pior a predominância do fake news. Aqui o eleitor é um alienígena, sujeito aos ataques da internet via redes sociais e do horário eleitoral onde em 5 segundo, candidatos balbuciam frases desconexas, enquanto majoritários, trocam ofensas e não falam de projetos de governo.

Por mais que o eleitor seja parcimonioso, não estão sendo possível, analisar planos de governo, propostas que atendam os principais temas Nacionais, e ainda o tutelador e coercitivo sistema eleitoral, que impõe o voto obrigatório, em nome de uma democracia, que não convence, tamanha a imposição para ida as urnas, eis que neste caso a severidade da lei se aplica, no mínimo com um CPF bloqueado, e crédito negado. Ou seja, se não votar não é mais cidadão.

Os tanques nas ruas e o Golpe de 64

A maioria dos brasileiros sequer viu os “tanques de 1964 nas ruas”. O Golpe Civil-Militar, não mudou os rumos da nação, e não trouxe benefícios para o sistema eletivo, eis que o pacto entre militares e civis, turbinou acordos, e beatificaram uma estranha, Anistia, Ampla, Geral e Irrestrita, o que vem a ser um apagão a tudo que se fez a luz do dia e na escuridão dos porões do DOI CODI, o que sintetizo como fraude ideológica.

O Golpe de 64 aconteceu por absoluta culpa de dois políticos populistas, tendo a frente os presidentes: (Janio Quadros e o vice Jango Goulart). O primeiro fez a insolência de condecorar um líder guerrilheiro Che Guevara e o outro em manejar seu mandato com discurso socialista. Tudo sem qualquer suporte partidário, que a aquela altura desenhava um novo horizonte na vida política do país, mas, destruído pelo segundo tamanha a inabilidade e soberba de um mandatário, que não soube sequer dignificar seu posto a frente da nação.

Na verdade Jango Goulart estava em Paris, enquanto a resistência ao golpe de Estado que a aquela altura existia forte oposição à posse de Goulart. No Rio Grande do Sul, o aguerrido governador Leonel Brizola, lançou a rede da legalidade através do rádio, exigindo o cumprimento da sucessão presidencial tal como estava consignada na Constituição Federal. O apoio da União Nacional dos Estudantes, de lideranças sindicais, empresariais, de alguns governadores e de militares legalistas foi importante.

Jango tomou posse em 7 de setembro de 1961, e articulou para antecipar o plebiscito e retomar os plenos poderes presidenciais. O plebiscito ocorreu em janeiro de 1963. A vitória foi significativa com 76% dos eleitores votando a favor da volta ao presidencialismo, enquanto o parlamentarismo foi apoiado por apenas 16%.

Janio Quadros era excêntrico, populista ao estremo, tinha discurso que empolgava. O problema foi que demonstrava admiração por "líderes autoritários". Um deles foi Gamal Abdel Nasser (1918-1970), militar que se tornou presidente do Egito, (conhecido como "faraó de uniforme"). Dias antes de renunciar, Jânio condecorou em Brasília Ernesto Che Guevara, então ministro em Cuba. Isso incitou a revolta da direita.

A Renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961 teria sido uma tentativa de auto-golpe, segundo historiadores. Eles acreditam que o gesto tenha sido realizado cheio de esperança: ele estaria pretendendo voltar, nos braços do povo, garantido por militares, em um verdadeiro auto-golpe, um “sonho de verão”. O tiro saiu pela culatra e o Brasil, que já bambeava em crises, acabou mergulhando em uma espiral de instabilidades — e aquele ato de 25 de agosto de 1961, na verdade, foi ingrediente inicial para pavimentar o que terminaria no golpe que instituiu a ditadura militar em 1964.

Segundo o “Portal Panorama Político 2022: opiniões sobre a sociedade democrática”, neste ano do quadro das eleições majoritárias, demonstram que há queda do interesse geral por política entre os eleitores. Um dos fatores é falto de compreensão sobre o sistema político. É o que aponta o estudo pelo Instituto DataSenado, com colaboração da Universidade de Brasília (UnB). Neste momento em que elaborava esse texto.

Para 67% dos brasileiros, a democracia ainda é a melhor forma de governo. Apesar disso, quando questionados sobre o atual nível de satisfação com esse regime político, 87% consideram-se pouco ou nada satisfeitos. A forte desigualdade social foi apontada pelos eleitores como obstáculo à plena democracia.

Na pratica o eleitor dispões das seguintes ferramentas: Televisão (37%), redes sociais (24%) e páginas na internet (23%) que funciona como os principais meios de comunicação na busca de informações sobre política. Nas redes sociais, a maior procura é pelo Facebook (35%) e pelo Instagram (27%). Pesquisa quantitativa do DataSenado indicava que em 2012, 63% dos brasileiros tinham interesse em política, percentual que caiu a 53%.

Segundo o levantamento do Datafolha, os que ainda não têm candidato para a Câmara dos Deputados são 69%, enquanto 70% dizem não ter decidido o voto para as assembleias legislativas estaduais. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A taxa de indecisos é maior entre os mais jovens, de 16 a 24 anos (77%), entre eleitores com ensino fundamental (74%) e na região Sul (75%).

Existe de fato um sentimento de desilusão com o sistema político, assim como a percepção de que os atores políticos buscam manter a população alienada dessas questões.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-58307239 https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/03/17/falta-conhecimento-do-eleitor-sobre-o-sistema-politico-aponta-datasenado

Roberto Monteiro Pinho - jornalista, escritor, ambientalista, CEO em jornalismo Investigativo e presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa - ANI. Escreve para Portais, sites e blog de noticias nacionais e internacionais. Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit, Topbooks) e concluindo o livro “Os inimigos do Poder”.