Fórum: Plebiscito e Gentrificação pontuam palestras durante
comemoração do Dia Mundial das Águas
O processo de
gentrificação e plebiscito foram lembrados durante Fórum realizado na Barra da
Tijuca. Para os palestrantes, acima de um projeto de revitalização urbana, a
revitalização pode ocorrer em qualquer lugar da cidade e normalmente está
ligada a uma demanda social bastante específica, como reformar uma pracinha de
bairro abandonada, promovendo nova iluminação, jardinagem, bancos, e com isso beneficiando
os moradores da região renovada.
A realização
do evento que marcou o Dia Mundial da Água, realizado na sexta-feira (25/3) no
Marina Barra Clube localizado no bairro de São Conrado na Zona Oeste do Rio de
Janeiro, foi promovido pelo movimento Pacto Ambiental - Barra da Tijuca trouxe um
novo dado, a partir o anúncio da retomada do processo de emancipação da região.
Para quem não
sabe, a gentrificação vem no bojo do discurso de “obras que beneficiam a
todos”, mas não motivada pelo interesse público, e sim pelo interesse privado,
relacionado com especulação imobiliária. Logo, tende a ocorrer em bairros
centrais, históricos, ou com potencial turístico, como é o caso da Barra da
Tijuca no Rio de Janeiro.
Objetivos...
Um dos principais fatores associados
ao processo de gentrificação das cidades é a especulação imobiliária, bem como
as desigualdades de renda existentes no contexto da sociedade. Isso porque o
solo é visto pelo mercado como uma mercadoria que valoriza rapidamente, o que
faz com que suas relações sejam continuamente ressignificadas. Ou seja: o
expurgo de camadas inferiores é visto em todas as áreas onde se processou a
gentrificação.
À medida que esses espaços
valorizam-se, atraem maiores investimentos privados e até públicos, o que gera
uma gradativa mudança no perfil populacional local. Com o tempo, a população
mais pobre – em razão do processo de segregação urbana – passa a deslocar-se
para áreas ainda segregadas espacialmente, o que acarreta a conseqüente mudança
de paisagem.
Por estar cercada por comunidades de
baixa-renda Barra da Tijuca no seu anel de alta renda per capita, se traduz numa
intensa convivência com seu entorno, onde vivem famílias de baixa renda, e com isso
tempos alto índice de delinqüência e pedintes, como se avista em seus
logradores de grande fluxo.
Existem também casos em que a
gentrificação da paisagem urbana acontece de modo rápido. O exemplo mais notório
no caso brasileiro, foram às áreas que, por intervenção do poder público,
transformaram-se rapidamente em razão das mudanças proporcionadas pela
preparação para a Copa do Mundo de 2014. No Rio de Janeiro, o mesmo processo
ocorreu, lembrando que nessa cidade ainda acontecerão os Jogos Olímpicos de
2016, outro megaevento que transforma sobremaneira as dinâmicas da Geografia da
cidade.
Controvérsias e a presença do capital
Existem muitas críticas ao processo
de Gentrificação. Movimentos sociais acusam o poder público de promover uma
espécie de “higienização” urbana, movendo a população de baixa renda para
pontos onde não pudesse ser notada pelo olhar do turista, dando uma falsa
impressão de segurança e qualidade de vida. Em outros casos, as críticas são
direcionadas ao próprio mercado e até ao sistema capitalista, que seria um
agente contínuo de transformação no perfil das paisagens urbanizadas.
Para o presidente da Associação
Nacional e internacional de Imprensa – ANI, jornalista Roberto Monteiro Pinho -
O grande desafio dos defensores da Gentrificação, é superar o impasse social entre
o capital voraz, que usa o espaço já ocupado por camadas de renda incompatível
para suportar um novo padrão ambiental urbano, já que essas pessoas vivem de forma
modesta.
Sobre a proposta de emancipação da
Barra da Tijuca, o dirigente salientou que “o movimento reaparece aparece após 34
anos de um plebiscito marcado pela presença do grupo contrário, apoiado pelo sistema
Globo, tendo a frente, a atriz Glória Pires,
o ator Stepan Nercessian, o cartunista Ziraldo e o compositor Ronaldo Bôscoli.
Hoje temos um novo cenário, a região açodada, sem
rede de esgoto, tomada pela violência, canais fluviais e naturais num cenário
deplorável, mobilidade urbana estagnada e toda região completamente abandonada
pela autoridade municipal”.
Por outro lado sustenta a proposta,
que o “processo de transformação para um patamar, lembrando a tão sonhada Miami
brasileira, deve ser lento, e ajustado a ponto de oferecer espaço para que essa
camada mediana mantenha seu território sem se afastar do local, inserindo-o no
mercado de trabalho, principalmente no comércio e no turismo, já que as mudanças
ao são de todo modo tão perturbadoras. O aspecto visual e social deve ser
respeitado” – concluiu o dirigente.
Núcleo de Conteúdo: Fluminense News/Imagem: Arquivo