ROBERTO
MONTEIRO PINHO
Porque devemos ligar o alerta por conta da fome no
mundo em 2023?
O número de famintos aumentou de 811 milhões para 828 milhões entre 2021
e 2022. E a tendência é crescer ainda mais, em consequência de crises recentes
e atuais, como a pandemia de coronavírus, a guerra na Ucrânia e as mudanças
climáticas, além de problemas estruturais
A fome significa
a situação em que uma pessoa permanece, durante um período prolongado, carente
de alimentos que lhe forneçam as calorias (energia) e os elementos nutritivos necessários
à vida e à saúde do seu organismo.
Além das
calorias, a alimentação deve fornecer determinados elementos nutritivos – como
proteínas, vitaminas e sais minerais – que cumpram a função de restaurar as
células, os tecidos e os órgãos de todo o nosso organismo. A falta prolongada
de qualquer dessas substâncias provoca distúrbios e lesões no organismo, com
graves consequências à saúde. Como consequência estamos diante de um quadro global
de milhões de crianças que não sobrevivem até a segunda idade.
O Brasil
Estamos em plena crescente demanda global por produtos do
agronegócio, motivada escassez em países conflitantes, pelos avanços
populacional e de renda per capita. Neste cenário o
Brasil destaca-se entre os maiores exportadores mundiais, por ter capacidade
de produção e produtividade. Temos que observar com severidade que o mercado
mundial vem apresentando grandes transformações e a cada momento novas
exigências, para as quais o agronegócio deve estar preparado para enfrentar.
O
especialista em agro Kike Martins da Costa trouxe dados que mostram que a
produção da agropecuária brasileira por exemplo, pode ser representativa na
economia nacional, mas nos comércios globais ainda não tem o mesmo ‘peso’ de
potência como China e EUA.
De
fato, o Brasil não é o maior produtor de alimentos do planeta, ficamos atrás de
China, Índia e Estados Unidos. Também não somos o maior exportador de
alimentos. Ou seja: infelizmente não somos o tal “celeiro do mundo”, como
discursam nossos políticos executivos “chapa branca”.
Em
2020, a produção de alimentos na China totalizou US$ 1,5 trilhão. O país é o
líder em cereais, verduras, ovos e peixes. Ainda assim, por causa de sua enorme
população, importa aproximadamente um quarto do que consome. Já a Índia, o
segundo mais populoso país do mundo, produziu alimentos que somaram US$ 382
bilhões em 2020. A nação é a maior produtora mundial de leite, juta e
leguminosas como lentilha e grão-de-bico. É também é a segunda maior produtora
mundial de arroz, trigo, cana-de-açúcar, frutas, algodão e amendoim.
Um recado para os
legisladores, Lula e seus escolhidos para governar o país
Nos Estados Unidos, a produção de alimentos gerou um total de
US$ 306 bilhões em 2020. Milho, carne bovina, soja, laticínios e aves são as
cinco principais commodities agrícolas da terra do Tio Sam. O país é o líder em
exportações agrícolas, com US$ 147,9 bilhões – principalmente para os mercados
chinês, canadense, mexicano e japonês.
Aí, na 4ª posição no ranking mundial, aparece o Brasil, com uma
produção de alimentos que, em 2020, agregou US$ 125,3 bilhões à economia
nacional. Somos os maiores exportadores mundiais de soja, açúcar, carne bovina
congelada e aves. Outros importantes commodities agrícolas do agronegócio
nacional são o café, o suco de laranja, o milho, o algodão e o cacau. Resumindo:
para nos tornarmos o principal produtor mundial de alimentos, ainda há muito
trabalho a ser feito.
Se querem brincar de ocupar cargos importantes, antes de tudo tenham
um olhar responsável, debrucem nos problemas do país, olhem onde estão os
pontos essenciais para desenvolver a economia e estabelecer equilíbrio com
emprego, salários justos e o mais importante não lancem mão daquilo que
pertence ao povo brasileiro que é o capital acumulado pelos contribuintes da
República.
A fome no mundo
Um dos
mais graves problemas do mundo contemporâneo é a má distribuição de
comida, independentemente do crescimento da população mundial e de algumas
regiões do planeta terem sido transformadas em áreas agrícolas destinadas ao
cultivo de alimentos. Podemos dizer que grande parte do que é produzido no
mundo é consumida por reduzida parcela da população mundial.
Apesar de
a tecnologia e a modernização da agricultura proporcionarem aumento na
produção, as promessas de acabar com a fome estão longe de serem cumpridas,
porque, atualmente, áreas de terras férteis vêm sendo transformadas em áreas
urbanas e, também, porque parte da produção agrícola de alimentos é usada
como ração para animais e para a produção de biocombustíveis.
A
geografia da fome é um dos indicadores para separar os países ricos dos países
pobres. Parte da população dos países subdesenvolvidos e emergentes ainda passa
fome, apesar do aumento da produção.
Os
mecanismos políticos e economicos sustentados pelo modelo de desenvolvimento
dos países ricos contribuíram para que a fome se tornasse mais acentuada.
A modernização da agricultura, por exemplo, encareceu a produção de
alimentos, por mais que o aumento da produtividade levasse à diminuição do
valor de mercado do produto, já que a utilização de insumos agrega maiores
custos, tornando o produto final mais caro.
O
problema principal não é o número de habitantes do planeta, embora esta tenha
se tornado uma questão preocupante. A questão fundamental a ser resolvida é
a pobreza ou a falta de justiça social. Para que isso ocorra,
são necessárias outras formas de pensar, de distribuir e de consumir.
Milhares de pessoas, na maioria crianças, espremem-se na busca por alimentos. Além das condições naturais hostis, países da região africana sofrem com conflitos étnicos e civis que intensificam a pobreza e a fome.
Agro é um negócio de pouco
O Brasil
é o quinto país do mundo em extensão territorial, ocupando metade da área do
continente sul-americano. Há cerca de 30 anos, aumentaram o fornecimento de
energia elétrica e o número de estradas pavimentadas, além de um enorme
crescimento industrial. Nada disso, entretanto, serviu para combater a pobreza,
a má nutrição e as doenças endêmicas.
Há ainda
o problema crescente da concentração da produção agrícola, onde grande
parte fica nas mãos de poucas pessoas, vendo seu patrimônio aumentar
sensivelmente e ganhando grande poder político.
A
produção para o mercado externo, visando à entrada de divisas e ao pagamento da
dívida externa, vem crescendo, enquanto a diversidade da produção de
alimentos dirigida ao mercado interno tem diminuído, ficando numa posição
secundária. Ao lado disso, milhões de pessoas vivem em favelas, nas periferias
das grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto
Alegre, Recife, entre outras.
A importância da
continuidade do auxílio emergencial de R$ 600
Inquérito Nacional sobre
Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado
pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e
Nutricional (Rede Penssan), indicava que nos últimos meses do ano passado
19 milhões de brasileiros passaram fome e mais da metade dos domicílios no país
enfrentou algum grau de insegurança alimentar.
O inquérito foi feito em parceria com a Action Aid Brasil, Friedrich Ebert
Stiftung Brasil (FES Brasil) e Oxfam Brasil, com apoio do Instituto
Ibirapitanga
A sondagem inédita
estima que 55,2% dos lares brasileiros, ou o correspondente a 116,8
milhões de pessoas, conviveram com algum grau de insegurança alimentar no final
de 2020 e 9% deles vivenciaram insegurança alimentar grave, isto é, passaram
fome, nos três meses anteriores ao período de coleta, feita em dezembro de
2020, em 2.180 domicílios.
Do inquérito a discussão onde
o governo federal chegou a enfrentar a panaceia da CPI da Covid no Senado,
quando assistimos diuturnamente os lampejos nada convincentes de alpinistas
opositores, com toda saga de mentiras e narrativas, porém, sempre blindando os
saqueadores, prefeitos e governadores que surrupiaram a verba da Saúde, graças
a débil canetada do ministro do STF Alexandre de Moraes, que sem contestação do
governo federal, tendo quedado silente, e assim criou “cobras para ser picado”.
Fonte: Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e
Nutricional (Rede Penssan). Action Aid Brasil, Friedrich Ebert Stiftung Brasil
(FES Brasil) e Oxfam Brasil. https://29horas.com.br/
Roberto
Monteiro Pinho - jornalista, escritor, ambientalista, CEO em jornalismo
Investigativo e presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa -
ANI. Escreve para Portais, sites e blog de notícias nacionais e internacionais.
Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit, Topbooks), em revisão os livros “Os inimigos
do Poder” e “Manual da Emancipação”.
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conformidade com a LGPD, lei nº 13.709, 14 de agosto de 2018."