Como
o STF está conseguindo transformar Lula num perdedor?
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), há 20 anos iniciou a sua primeira
campanha política que iria levá-lo à Presidência da República. Antes de 2002, Lula perdeu a eleição
presidencial para Fernando Collor de Mello em 1989 e para Fernando Henrique
Cardoso em 1994 e 1998. Nos três cenários eleitorais, o petista se mostrou aos
brasileiros como um candidato de esquerda e crítico em relação às elites
capitalistas internacionais, mas cuja imagem foi se dissipando ao longo dos
anos.
No
Poder, vieram os escândalos, corrupção em órgãos do governo, e uma enxurrada de
denúncias, mesmo assim Lula, apos dificuldades, conseguiu transformar sua
sucessora, uma ilustre desconhecida das urnas, Dilma Roussef em candidata
eleita ao mais alto posto da nação. O atos de violência contra o patrimônio da
Petrobrás, as verbas perdidas por conta do descaso dos auditores públicos,
bilhões atirados nos projetos de usinas que nunca saíram do papel.
A campanha, alicerçada por
uma ala, nada confiável da sociedade basileira e com uma folha corrida das mais
manchadas, marchou para sua primeira vitória, de mãos dadas, na linha de
frente: José Sarney, Antonio Carlos Magalhães, José Fleury, Renan Calheiros e
um amontoado de políticos de direita, numa espécie de “vale tudo”, desde que
fosse eleito.
Em 2002, Lula lançou o
“slogan” o "Lulinha paz e amor", um candidato mais moderado e
flexível em relação ao mercado e aberto ao centro com o empresário José Alencar
como candidato à Vice-Presidência. Fez reverência e favores a banqueiros,
investidores e grandes empresas. Uma perfeita e irretocável chapa de centro
direita, jamais imaginada, porém, capaz de manter o comando da nação em poucas
e maquiavélicas mãos. Um governo de núcleo duro, onde poucos militantes do PT,
fizeram parte, um deles José Dirceu, ai começou a derrocada.
Ao
lançar a sua pré-candidatura, Lula começa uma campanha que deve ser capaz de
passar por novos obstáculos para ser eleito: crise institucional, um adversário
da extrema-direita e produção de desinformação em escala industrial. Isso sem
contar a falta de credibilidade do seu partido para impor coligações.
Hoje, a situação do país é
“completamente diferente”, nas palavras de Carolina Botelho, pesquisadora do
Doxa – Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião
Pública, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).
As Supremas Cortes são incapazes de evitar regimes tirânicos como,
pior ainda, que inúmeras vezes elas estiveram contra aquelas finalidades
nobres que invocam para justificar sua existência: na Venezuela, a Suprema
Corte foi essencial para deterioração da democracia, permitindo a cassação
infundada de direitos políticos de opositores e esvaziando as atribuições
dos órgãos contrários à ideologia dos juízes do Tribunal; nos Estados Unidos, a
Suprema Corte americana permaneceu a maior parte da história do lado do
escravismo (vide casos como “Prigg Vs. Pennsylvania”,
“Jones Vs. Van
Zandt”, e “Dred Scott Vs. Sandford”), derrubando legislações e atos que
avançavam na pauta da igualdade; no Brasil, foram vistas por órgãos
internacionais como configuradoras de regime de escravidão contemporânea.
As decisões do STF capitaneada pela liberação do dinheiro público no
combate a epidemia da Covid-19, dando aos governadores e prefeitos “carta
branca”, para aquisição de equipamentos médicos, e remédios, foi visto como um
acinte ao patrimônio da União, eis que no bojo da decisão, a prestação de
contas não se fez necessária. No rastro da controvertida Lava Jato, a liberdade
de criminosos, inclusive o ex-presidente Lula, sinalizou que o Supremo, estava
disposto a entrar pela via judiciária no processo eleitoral, isso suscitou
inúmeras manifestações de juristas e
parlamentares.
Está visível aos olhos da sociedade que as Supremas Cortes são órgãos
políticos. Seus membros tendem, fundamentalmente, a votar em favor dos grupos
partidários que os colocaram lá e evitar excessivos problemas com outras forças
suficientemente poderosas para lhes dar o troco. O problema é quem são os
políticos e partidos. É exatamente essa a questão cerne da nossa abordagem.
Particularmente entendo que o candidato Lula está seriamente comprometido
com essa deformação, não em razão de ter nomeado no seu governo a maioria dos
ministros, e sim pelo fato de alguns desses membros públicos, opinarem em
matéria política, a exemplo das urnas eletrônicas. Neste caso PT e os partidos
que apóiam Lula estão no radar da preocupação do presidente Jair Bolsonaro.
Imagem:
Internet
Roberto Monteiro Pinho - jornalista, escritor e
presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa - ANI.