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sábado, 26 de março de 2022

 

Fórum: Plebiscito e Gentrificação pontuam palestras durante comemoração do Dia Mundial das Águas

O processo de gentrificação e plebiscito foram lembrados durante Fórum realizado na Barra da Tijuca. Para os palestrantes, acima de um projeto de revitalização urbana, a revitalização pode ocorrer em qualquer lugar da cidade e normalmente está ligada a uma demanda social bastante específica, como reformar uma pracinha de bairro abandonada, promovendo nova iluminação, jardinagem, bancos, e com isso beneficiando os moradores da região renovada.

A realização do evento que marcou o Dia Mundial da Água, realizado na sexta-feira (25/3) no Marina Barra Clube localizado no bairro de São Conrado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi promovido pelo movimento Pacto Ambiental - Barra da Tijuca trouxe um novo dado, a partir o anúncio da retomada do processo de emancipação da região.

Para quem não sabe, a gentrificação vem no bojo do discurso de “obras que beneficiam a todos”, mas não motivada pelo interesse público, e sim pelo interesse privado, relacionado com especulação imobiliária. Logo, tende a ocorrer em bairros centrais, históricos, ou com potencial turístico, como é o caso da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.

Objetivos...

Um dos principais fatores associados ao processo de gentrificação das cidades é a especulação imobiliária, bem como as desigualdades de renda existentes no contexto da sociedade. Isso porque o solo é visto pelo mercado como uma mercadoria que valoriza rapidamente, o que faz com que suas relações sejam continuamente ressignificadas. Ou seja: o expurgo de camadas inferiores é visto em todas as áreas onde se processou a gentrificação.

À medida que esses espaços valorizam-se, atraem maiores investimentos privados e até públicos, o que gera uma gradativa mudança no perfil populacional local. Com o tempo, a população mais pobre – em razão do processo de segregação urbana – passa a deslocar-se para áreas ainda segregadas espacialmente, o que acarreta a conseqüente mudança de paisagem.

Por estar cercada por comunidades de baixa-renda Barra da Tijuca no seu anel de alta renda per capita, se traduz numa intensa convivência com seu entorno, onde vivem famílias de baixa renda, e com isso tempos alto índice de delinqüência e pedintes, como se avista em seus logradores de grande fluxo.

Existem também casos em que a gentrificação da paisagem urbana acontece de modo rápido. O exemplo mais notório no caso brasileiro, foram às áreas que, por intervenção do poder público, transformaram-se rapidamente em razão das mudanças proporcionadas pela preparação para a Copa do Mundo de 2014. No Rio de Janeiro, o mesmo processo ocorreu, lembrando que nessa cidade ainda acontecerão os Jogos Olímpicos de 2016, outro megaevento que transforma sobremaneira as dinâmicas da Geografia da cidade.

Controvérsias e a presença do capital

Existem muitas críticas ao processo de Gentrificação. Movimentos sociais acusam o poder público de promover uma espécie de “higienização” urbana, movendo a população de baixa renda para pontos onde não pudesse ser notada pelo olhar do turista, dando uma falsa impressão de segurança e qualidade de vida. Em outros casos, as críticas são direcionadas ao próprio mercado e até ao sistema capitalista, que seria um agente contínuo de transformação no perfil das paisagens urbanizadas.

Para o presidente da Associação Nacional e internacional de Imprensa – ANI, jornalista Roberto Monteiro Pinho - O grande desafio dos defensores da Gentrificação, é superar o impasse social entre o capital voraz, que usa o espaço já ocupado por camadas de renda incompatível para suportar um novo padrão ambiental urbano, já que essas pessoas vivem de forma modesta.

Sobre a proposta de emancipação da Barra da Tijuca, o dirigente salientou que “o movimento reaparece aparece após 34 anos de um plebiscito marcado pela presença do grupo contrário, apoiado pelo sistema Globo, tendo a frente, a atriz Glória Pires, o ator Stepan Nercessian, o cartunista Ziraldo e o compositor Ronaldo Bôscoli. Hoje temos um novo cenário, a região açodada, sem rede de esgoto, tomada pela violência, canais fluviais e naturais num cenário deplorável, mobilidade urbana estagnada e toda região completamente abandonada pela autoridade municipal”.

Por outro lado sustenta a proposta, que o “processo de transformação para um patamar, lembrando a tão sonhada Miami brasileira, deve ser lento, e ajustado a ponto de oferecer espaço para que essa camada mediana mantenha seu território sem se afastar do local, inserindo-o no mercado de trabalho, principalmente no comércio e no turismo, já que as mudanças ao são de todo modo tão perturbadoras. O aspecto visual e social deve ser respeitado” – concluiu o dirigente.

Núcleo de Conteúdo: Fluminense News/Imagem: Arquivo