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segunda-feira, 21 de outubro de 2019



Um abismo entre judiciário e sociedade

ROBERTO MONTEIRO PINHO

A procuradora Márcia Brandão Zollinger, do MPF do Distrito Federal, na denúncia do ex-procurador Rodrigo Janot Monteiro de Barros, afirmou há pouco que “não se verificam os elementos configuradores da dita organização criminosa".
O parecer prossegue referindo que “não se observa a consolidação de um grupo, estável e estruturado, voltado para a prática delitiva, com repartição de tarefas e metodologia estruturada".
Ela destacou, no entanto, que há diversos indícios de crimes que estão sendo apurados em outros procedimentos. 
"Há, de fato, narrativas de práticas criminosas que estão sendo apuradas em processos autônomos, mas do conjunto das narrativas não se pode extrair, com segurança, que haveria uma estrutura organizacional estável integrada por Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Vana Rousseff, Antônio Palocci Filho, Guido Mantega e João Vaccari Neto, tampouco que a união desses atores políticos tivesse o propósito de cometimento de infrações penais visando um projeto político de poder", escreveu a procuradora.
Os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, os ex-ministros Antônio Palocci e Guido Mantega, além do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, são acusados de compor um "quadrilhão do PT". Os cinco respondem na Justiça Federal em Brasília pelo crime de organização criminosa por suspeita de terem formado um grupo para desviar dinheiro público da Petrobras e de outras estatais.
No pedido de arquivamento, a procuradora enumera que não há elementos de que os dois ex-presidentes tinham domínio das informações sobre os supostos crimes.
Os crimes existem, o grupo idem, e todos se lembram da resposta de Lula e Dilma que se limitavam responder que “não sabia de nada”.
A procuradoria federal a exemplo do Supremo pratica continuamente uma série de medidas nada salutar para o revigoramento do judiciário, em que pese, com rara exceção temos atores que ainda propugnam pelo bom direito.
O farto noticiário e as denúncias e opiniões que chegam aos olhos e ouvidos da sociedade, não parece sensibilizar uma classe, “blindada”, por uma Carta vetusta a Loman e com regras administrativas, redigidas no interesse dessas corporações.
Pesquisa CNT/MDA divulgada em maio deste ano mostrou que para 89,3% dos brasileiros a justiça é pouco confiável ou nada confiável. E para 90,3% dos brasileiros a justiça não age de forma igual para todos. O Instituto abordou a confiança dos brasileiro nas instituições do país, confira os resultados.
A avaliação sobre a atuação da Justiça no Brasil é negativa para 55,7% (ruim ou péssima) dos entrevistados. 33,6% avaliam a Justiça como sendo regular e 8,8% dos entrevistados avaliam que a atuação da Justiça no Brasil é positiva (ótima ou boa). 52,8,% consideram o Poder Judiciário pouco confiável; 36,5% nada confiável; e 6,4% muito confiável.

Para 90,3% a Justiça brasileira não age de forma igual para todos. Outros 6,1% consideram que age de forma igual. Dos entrevistados, 44,3% acreditam que, mesmo após as recentes ações da Justiça na Operação Lava Jato, a corrupção irá continuar na mesma proporção no Brasil. Enquanto isso, 30,7% avaliam que a corrupção irá diminuir e 17,3% acreditam que vai aumentar.

A instituição mais confiável, segundo os entrevistados, é a Igreja (40,1%). Em seguida, aparecem: Forças Armadas (16,2%), Justiça (8,6%), Imprensa (5,0%), Polícia (4,0%), Governo Federal (2,2%), Congresso Nacional (0,6%) e Partidos Políticos (0,2%).