Os
trabalhadores. “O Pavão Misterioso” e o PT
Quatro
anos após o termino da ditadura militar, (1985),
a ditadura terminou e em 1989, Lula, que então já era deputado federal, apostou
sua notável popularidade na candidatura presidencial em 1989. Apelou à
esquerda, aos pobres como ele, e à ideia de que o Brasil podia ocupar um lugar
melhor no mundo. Perdeu para Fernando Collor, assim como perderia mais duas
vezes, contra Fernando Henrique Cardoso.
Em 2002, ao final do segundo e último mandato do tucano, candidatou-se
novamente, dessa vez como um candidato de centro. Fez aliança diabólica,
despiu-se dos pudores e criticas as elites e corrompeu o programa do Partido
dos Trabalhadores, se aliou a José Sarney, Antonio Carlos Magalhães e o
sanguinário do Carandiru delegado e deputado Sergio Fleury. Ganhou.
Decorridos pouco mais de 30 anos quando disputou pela primeira vez a
presidência do Brasil. É tão difícil exagerar sua influência nos destinos do
maior país latino-americano, o qual liderou durante seu período de maior
bonança, na década passada, como encontrar alguém que não tenha opiniões
apaixonadas por sua figura. Para muitos, é alguém do povo, que conhece o
trabalho nas fábricas, bebe cachaça e está farto de que a elite brasileira
impeça o progresso dos mais pobres.
Pesa sobre o ex-líder sindical e presidente do país, as mais graves e
surpreendentes acusações, o que o levou a cumprir pena, numa cela da sede da
Polícia Federal de Curitiba.
Seu primeiro mandato emplacou na
esteira da maior prosperidade de que se tem lembrança no Brasil. Lula
praticamente não mexeu na economia, que não parava de crescer, com isso ampliou
para uma escala gigantesca as ajudas sociais que já existiam: o Bolsa Família dava
dinheiro às muitíssimas famílias brasileiras abaixo do limite da pobreza, ou
pagava aos pais que vacinavam a seus filhos e os mandavam ao colégio.
De fato trouxe 30 milhões de
pessoas para cima dessa linha. Também revolucionou o mercado com a primeira
linha de crédito para consumidores do país, o crédito consignado. De uma hora
para outra, os operários brasileiros podiam ter uma geladeira em casa. Para um
cidadão médio do Nordeste, Lula nem era um homem nem era um fenômeno. Era um
deus.
O “Pavão misterioso” mostrava
suas penas encobertas e veio o mandato do mensalão, o grande escândalo de
corrupção da década: soube-se que o PT estava subornando seus aliados para não
os perder.
Um deputado dedo-duro, que deixou
de receber certa quantia de propina, jogou o “pavão na lama”, o então deputado todo
poderoso José Dirceu, entrou na cena do crime, ocupando o topo da desgraça
petista, que ainda, elegeu Dilma Rousseff, um “tramundonga” política, inventada
por Lula, carregada por Lula, e que chegou a ponto de traí-lo, se auto
proclamando de sucessora, o que lhe custou à perda do mandato no impeachment
mais cruel da história política do país.
Reeleito presidente em 2006 segundo
turno. Em teoria, havia saído incólume do escândalo. Na prática, esses meses
acabariam marcando-o para sempre: definiu Lula como um líder que jogava a
política de sempre, a das mutretas a portas fechadas, do “rouba, mas faz”, e
que não ofende o establishment.
Também teve conseqüências
incalculáveis para o PT, já que obrigou Lula a isolar os ministros José Dirceu
e Antonio Palocci, as duas pessoas a quem pensava entregar o Governo quando ele
esgotasse suas candidaturas. Sem opção, erradamente substituiu-os por uma das
militantes mais controvertidas do PT, Dilma Rousseff.
Lula deixou a Presidência em 2010
como um herói nacional. A economia crescia 7,5% ao ano, o poder judiciário se
modernizara (apesar do custo que isso trouxe). O Brasil era uma nação com
relevância crescente no mundo e ele exibia uma taxa de aprovação de 90%. Dilma
Rousseff venceu as eleições.
Dilma, contudo, reelegeu-se em
2014 e o país que o Brasil era em 2010 não existe mais em 2018. O denominado
plano de poder do PT apagou as luzes, o lixo político das falcatruas de Lula e
seu grupo, todos conhecemos pelas mídias. A popularidade de Rousseff também
despencou de 80% em 2010 para 7% em 2016.
Solto,
Lula perdeu o tom do discurso. O PT definha. O “pavão misterioso” é um
cambaleante bípede e as eleições de outubro é o abismo da manta petista.