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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020



Os trabalhadores. “O Pavão Misterioso” e o PT

Quatro anos após o termino da ditadura militar, (1985), a ditadura terminou e em 1989, Lula, que então já era deputado federal, apostou sua notável popularidade na candidatura presidencial em 1989. Apelou à esquerda, aos pobres como ele, e à ideia de que o Brasil podia ocupar um lugar melhor no mundo. Perdeu para Fernando Collor, assim como perderia mais duas vezes, contra Fernando Henrique Cardoso.

Em 2002, ao final do segundo e último mandato do tucano, candidatou-se novamente, dessa vez como um candidato de centro. Fez aliança diabólica, despiu-se dos pudores e criticas as elites e corrompeu o programa do Partido dos Trabalhadores, se aliou a José Sarney, Antonio Carlos Magalhães e o sanguinário do Carandiru delegado e deputado Sergio Fleury. Ganhou.

Decorridos pouco mais de 30 anos quando disputou pela primeira vez a presidência do Brasil. É tão difícil exagerar sua influência nos destinos do maior país latino-americano, o qual liderou durante seu período de maior bonança, na década passada, como encontrar alguém que não tenha opiniões apaixonadas por sua figura. Para muitos, é alguém do povo, que conhece o trabalho nas fábricas, bebe cachaça e está farto de que a elite brasileira impeça o progresso dos mais pobres.

Pesa sobre o ex-líder sindical e presidente do país, as mais graves e surpreendentes acusações, o que o levou a cumprir pena, numa cela da sede da Polícia Federal de Curitiba.

Seu primeiro mandato emplacou na esteira da maior prosperidade de que se tem lembrança no Brasil. Lula praticamente não mexeu na economia, que não parava de crescer, com isso ampliou para uma escala gigantesca as ajudas sociais que já existiam: o Bolsa Família dava dinheiro às muitíssimas famílias brasileiras abaixo do limite da pobreza, ou pagava aos pais que vacinavam a seus filhos e os mandavam ao colégio.

De fato trouxe 30 milhões de pessoas para cima dessa linha. Também revolucionou o mercado com a primeira linha de crédito para consumidores do país, o crédito consignado. De uma hora para outra, os operários brasileiros podiam ter uma geladeira em casa. Para um cidadão médio do Nordeste, Lula nem era um homem nem era um fenômeno. Era um deus.
O “Pavão misterioso” mostrava suas penas encobertas e veio o mandato do mensalão, o grande escândalo de corrupção da década: soube-se que o PT estava subornando seus aliados para não os perder.

Um deputado dedo-duro, que deixou de receber certa quantia de propina, jogou o “pavão na lama”, o então deputado todo poderoso José Dirceu, entrou na cena do crime, ocupando o topo da desgraça petista, que ainda, elegeu Dilma Rousseff, um “tramundonga” política, inventada por Lula, carregada por Lula, e que chegou a ponto de traí-lo, se auto proclamando de sucessora, o que lhe custou à perda do mandato no impeachment mais cruel da história política do país.

Reeleito presidente em 2006 segundo turno. Em teoria, havia saído incólume do escândalo. Na prática, esses meses acabariam marcando-o para sempre: definiu Lula como um líder que jogava a política de sempre, a das mutretas a portas fechadas, do “rouba, mas faz”, e que não ofende o establishment.

Também teve conseqüências incalculáveis para o PT, já que obrigou Lula a isolar os ministros José Dirceu e Antonio Palocci, as duas pessoas a quem pensava entregar o Governo quando ele esgotasse suas candidaturas. Sem opção, erradamente substituiu-os por uma das militantes mais controvertidas do PT, Dilma Rousseff.

Lula deixou a Presidência em 2010 como um herói nacional. A economia crescia 7,5% ao ano, o poder judiciário se modernizara (apesar do custo que isso trouxe). O Brasil era uma nação com relevância crescente no mundo e ele exibia uma taxa de aprovação de 90%. Dilma Rousseff venceu as eleições.

Dilma, contudo, reelegeu-se em 2014 e o país que o Brasil era em 2010 não existe mais em 2018. O denominado plano de poder do PT apagou as luzes, o lixo político das falcatruas de Lula e seu grupo, todos conhecemos pelas mídias. A popularidade de Rousseff também despencou de 80% em 2010 para 7% em 2016.

Solto, Lula perdeu o tom do discurso. O PT definha. O “pavão misterioso” é um cambaleante bípede e as eleições de outubro é o abismo da manta petista.