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domingo, 2 de fevereiro de 2020


ANÁLISE & POLÍTICA

ROBERTO MONTEIRO PINHO

Reforma administrativa entra na pauta de fevereiro

ministro da EconomiaPaulo Guedes, afirmou na manhã desta quinta-feira (30) que o governo deverá encaminhar em até duas semanas o projeto de reforma administrativa ao Congresso Nacional. O ministro participa ao lado do presidente da Câmara dos DeputadosRodrigo Maia, de evento que discute a agenda econômica e as reformas de 2020 promovido pelo Centro de Liderança Pública (CLP).

"O presidente Jair Bolsonaro vai mandar a reforma administrativa atendendo pedido do presidente Rodrigo Maia", disse Guedes. "Qual reforma vai passar primeiro? Eu confio na classe política. O presidente Jair Bolsonaro nunca foi contra a reforma administrativa ". 

Retomada...

O ministro afirmou, no entanto, que a reforma será encaminhada com "restrições políticas", uma vez que o governo não pode atingir os direitos do funcionalismo. "A nós, cabe encaminhar, e o Congresso vai dizer o ritmo que isso será feito. A classe política vai tomar o ritmo da economia. Aqui (no Brasil), o ministro da Economia anda com o saco de dinheiro e todo mundo correndo atrás dele. Mas o dinheiro não é dele", afirmou.

No debate, o ministro também chegou a dizer que nunca viu um país "ir para o saco" de forma tão organizada, em referência à situação que encontrou ao assumir o comando da economia brasileira em janeiro do ano passado. 

Onyx Lorenzoni, na corda bamba

Com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na corda bamba, o Palácio do Planalto se vê no centro de uma disputa de forças entre DEM e MDB. O Democratas, partido do titular da pasta, vai pressionar para mantê-lo no cargo, por intermédio dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Os emedebistas, por sua vez, juram, nos bastidores, que não cobiçam o posto, mas não fariam objeção a um convite ao senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, um dos cotados à função.

Outro sob análise é o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, ex-deputado federal pelo PSDB. No entanto, ele se sente confortável e focado na missão atual, de articular a aprovação da Medida Provisória 905, que institui a carteira de trabalho Verde e Amarela. Em meio a essa disputa, o presidente Jair Bolsonaro trabalha com a hipótese de não colocar nem Marinho nem Gomes no ministério, caso decida exonerar Lorenzoni, mas, sim, propor uma solução caseira. O sucessor estudado por ele é o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira.

A presidência do INSS

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou que o presidente do INSS, Renato Vieira deixará o comando do instituto. O substituto será Leonardo Rolim, que é atualmente secretário da Previdência. Ainda não há definição de quem o substituirá no ministério. Renato Vieira foi nomeado no início do governo do presidente Jair Bolsonaro, e ficou pouco mais de um ano no cargo. De acordo com a gestão, a saída de Renato Vieira foi por uma vontade própria.

Mas segundo os críticos da pasta, “não é bem assim”. Líder das filas para atendimento no serviço público, (uma das causas), troca no comando no INSS ocorre após a crise das filas de atendimento para pedidos de aposentadoria e benefício. Atualmente existem quase 2 milhões de pedidos de benefícios na fila.

"Ele consolidou sua disposição de sair do INSS a pedido. Foi uma conversa amadurecida ao longo dos últimos 15 dias", afirmou o secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho.
"Ano passado foi bastante intenso, esse ano será muito desafiador. O Renato acha que precisa se dedicar a seus projetos, e nós aceitamos sua demissão. Comunicamos ao [ministro da Economia] Paulo Guedes e [ao presidente da República Jair] Bolsonaro, e amanhã haverá consolidação desse ato, com indicação do seu substituto", declarou.

A crise

O INSS admite que houve uma diminuição da produtividade no processamento de novos benefícios. O órgão atribui a este fator ao aumento de 36% nos pedidos mensais desde a digitalização dos processos, a formação de uma fila de quase 2 milhões de requerimentos que não são analisados dentro do prazo legal de 45 dias.

Para demonstrar a perda de produtividade, porém, o órgão não aponta os dados de 2019, o primeiro do governo de Jair Bolsonaro, mas de 2018, ano em que "o INSS registrou o maior fluxo de novos requerimentos já registrado e a menor produtividade dos últimos quatro anos (2016 a 2019)", como consta em nota enviada ao jornal o Globo, nesta terça-feira (21).

O INSS já havia diagnosticado há pelo menos seis meses a necessidade de mais de 13,5 mil servidores para lidar com o estoque formado de 1,4 milhão de processos e com os novos pedidos que aportavam no órgão. A crise se agravou, não houve incremento de funcionários e esse estoque chegou a quase 2 milhões num prazo de seis meses.

O descrédito da sociedade

Um estudo divulgado no dia 27 de Janeiro, chamado 'A Cara da Democracia', apontou que a população brasileira tem maior confiança em grupos de família no WhatsApp e nas igrejas do que em instituições como o STF, o Congresso Nacional e os partidos políticos. O levantamento, foi divulgado pelo Valor Econômico, mostrou que as igrejas foram colocadas no grupo 'confia muito' por 32%, ficando atrás da Polícia Federal, que somou 33%, como a instituição mais confiável junto à população.

No Top 5 da pesquisa, ainda aparecem as Forças Armadas (29% de 'confia muito'), a Polícia Militar (20%) e os grupos de família no WhatsApp (15%). Na outra ponta, o Facebook e os partidos políticos foram os principais apontados no quesito 'não confia', com 54% e 71%, respectivamente.

Mais apoio a democracia

Logo após a PF, aparecem no ranking de confiança dos brasileiros, as igrejas, as Forças Armadas e a Polícia Militar. Na sequência, por mais exótico que isso possa parecer, os grupos de família no WhatsApp. Fechando a fila estão o Congresso Nacional, o Facebook e os partidos políticos. Ainda segundo o levantamento, o sentimento de apoio à Democracia cresceu de 2018 para 2019. O número de pessoas que disse ver o sistema como o 'preferível' a qualquer outra forma de governo subiu de 56% para 64%.

A lentidão da Justiça brasileira – advocacia se manifesta

Apenas 1,1% dos advogados brasileiros consideram "rápida" a Justiça do país rápida. Dos 98,9% restantes, 30,4% definiram-na como "lenta" e 68,5%, como "muito lenta". Os resultados são de uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto (SP). Quinze mil advogados foram consultados durante o segundo semestre de 2019.

Questionados sobre as causas da morosidade, os motivos mais apontados pelos advogados foram: a) a insuficiência do número de servidores públicos; b) a falta de infraestrutura do Judiciário; c) o excesso de burocracia; d) a falta de empenho dos servidores.

A partir dos resultados da pesquisa, a Fundace elaborou também um "índice de confiança" dos advogados na Justiça. Composto por sete indicadores (igualdade de tratamento, eficiência, honestidade, rapidez, custos, acesso e  evolução do sistema nos próximos cinco anos), o índice teve uma queda de 4,6% em comparação com a pesquisa anterior. No primeiro semestre de 2011, o índice de confiança fora de 32,7%. Agora, a confiança dos advogados na Justiça foi estimada em 31,2%.

Informalidade crescente

Indicador da Pnad Contínua revela o total da população subutilizada – que inclui pessoas desocupadas, que trabalham menos horas do que gostariam, ou na força de trabalho potencial. O contingente de pessoas nessa categoria chegou a 27,6 milhões em 2019, o maior valor da série.

Na avaliação de André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, é preciso deixar de olhar apenas o desemprego para prestar atenção na massa salarial, já que houve mudanças significativas (institucionais e tecnológicas) no mercado, com formas mais “fluidas” de contratação que permitem “segurar a renda média habitual dos trabalhadores” e beneficiar os empresários. “Com salários contidos, o custo empresarial fica sob controle e, como a massa salarial sobe, implica dizer que a demanda vai crescer, criando as condições para um aumento mais que proporcional do lucro empresarial vis-à-vis a alta da receita”.

A flexibilização libera a iFood e Rapidoo

Não há vínculo empregatício entre as empresas iFood e Rapiddo com os entregadores que fazem entregas por meio das plataformas digitais. É o que diz a Justiça do Trabalho de São Paulo, após o Ministério Público do Trabalho (MPT) pedir que seja reconhecido o vínculo.

Na ação, o MPT alegava que as empresas "contratam empregados disfarçados na figura de trabalhadores autônomos, diretamente ou por intermédio de empresas denominadas operadores logísticos, com o intuito de sonegar o vínculo de emprego e os direitos daí decorrentes". Além do reconhecimento do vínculo, a ação pedia uma multa de pelo menos R$ 24,5 milhões.

A decisão

Na decisão judicial, a juíza Shirley Escobar considerou que não foi comprovado no processo a alegada fraude para sonegar vínculo de emprego, e apontou que a atividade do iFood é na "área de tecnologia", "não sendo sua atividade primordial a oferta de transporte de mercadorias". A decisão, no entanto, apontou que o trabalhador, quando não vinculado à plataforma por meio de um operador logístico, é "realmente livre para escolher se quer trabalhar, quando quer trabalhar, por quanto tempo quer trabalhar, estando limitado ou motivado apenas pela necessidade inerente a qualquer ser humano de auferir renda para viver".

"Resta demonstrado, assim, não estar presente na relação em análise a indispensável figura da subordinação, seja na dimensão clássica, objetiva ou estrutural, para a caracterização do vínculo de emprego", diz o texto. Assim, forma considerados improcedentes os pedidos de declaração de existência de vínculo de emprego e a multa pedida pelo MPT.

26 milhões de entregas mensais

Atualmente, o iFood tem mais de 83.000 entregadores diretamente vinculados à plataforma da empresa, que respondem por cerca de 20% das mais de 26 milhões de entregas mensais, segundo dados de novembro de 2019. O aplicativo Rappido foi adquirido pelo iFood em 2018. O iFood foi criado em 2011 e hoje pertence ao grupo brasileiro Movile, que reúne uma série de empresas de tecnologia com foco nas operações via aplicativos de smartphone.

Em nota, o iFood comemorou a decisão, e informou que, "mantém seu compromisso de dialogar e continuar oferecendo oportunidades de geração de renda para os entregadores que escolhem o aplicativo, bem como seguir evoluindo com iniciativas tais como o seguro de acidente pessoal e campanhas educativas de segurança no trânsito".