ROBERTO MONTEIRO PINHO
O planeta caminha a passos largos
para esgotar o suporte da natureza, e sua resistência as constantes violações
produzidas pela ganância, imprudência e desalinho do homem a o mais importante
sistema de vida, que é a água. Mas antes de falar sobre a questão central da
crise do abastecimento d’água no Rio de Janeiro, destaco as observações que
seguem.
Apesar dos investimentos de
vários países em energias renováveis e sustentabilidade, o mundo pode viver uma
"catástrofe ambiental" em 2050. É o alerta global, segundo o
Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, apresentado em 2019 pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Ao fim dos próximos 37 anos, são
estimadas mais de 3 bilhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza,
das quais pelo menos 155 milhões estariam na América Latina e no Caribe. E essa
condição demográfica e social seria motivada também pela degradação do meio
ambiente e pela redução dos meios de subsistência, como a agricultura e o
acesso à água potável.
De acordo com a previsão de
desastre apresentada pelo relatório, cerca de 2,7 bilhões de pessoas a mais
viveriam em extrema pobreza em 2050 como conseqüências do problema ambiental.
Desse total, 1,9 bilhão seria composto por indivíduos que entraram na miséria,
e os outros 800 milhões seriam aqueles impedidos de sair dessa situação por
causa das calamidades do meio ambiente.
No cenário mais grave, o Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) global diminuiria 15% em 2050, chegando a uma
redução de 22% no Sul da Ásia (Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh,
Butão e Maldivas) e de 24% na África Subsaariana (todos os países ao sul do
Deserto do Saara).
Na Rio+20, Conferência da ONU
sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro em junho de
2012, foi negociado entre os governos da região da Ásia e do Pacífico um acordo
para proteção do maior recife de corais do mundo, o chamado Triângulo de Coral,
que se estende desde a Malásia e a Indonésia até as Ilhas Salomão. A área é
responsável por fornecer o sustento para mais de 100 milhões de pessoas.
Além disso, alguns países estão
trabalhando juntos na bacia do Rio Congo para combater o comércio ilegal de
madeira e preservar o segundo maior território florestal do mundo. Bancos
regionais de desenvolvimento também apresentaram uma iniciativa que conta com
US$ 175 bilhões (R$ 350 bilhões) para promover o transporte público e ciclovias
em algumas das principais cidades do mundo.
Desde o início de janeiro, a
população do Rio de Janeiro reclama que a água distribuída pela Cedae
(Companhia de Águas e Esgotos do Estado) tem saído turva das torneiras e
filtros, com cheiro e gosto de terra. A causa detectada pela Cia é
uma substância orgânica chamada geosmina, produzida quando há muita alga e
bactéria na água, que até agora não deu indícios concretos de malefícios à
saúde.
Por essa razão a Cedae, estatal
responsável pelo tratamento e distribuição na região metropolitana, identificou
um grande volume de detergentes na água captada pela sua principal estação, a
Guandu, e decidiu fechar as comportas, paralisando a operação por 15 horas. A
medida causou o desabastecimento de vários pontos e levou a Prefeitura do Rio
(e a de Nova Iguaçu) a adiar em um dia o início do ano letivo na rede
municipal, porque "muitas" das mais de 1.500 escolas estão sem água.
O que mais causa indignação
púbica é o consumidor, além do risco de uma contaminação, ter que arcar com
custo para adquirir água mineral vendida no comércio, que em razão da grande
procura, aumentou o preço em até três vezes o valor de mercado, antes do
anúncio do desastre provocado pela gestão da Cedae, que recebe todo instante
pesadas criticas nas redes sociais.
Assim fica claro para o
consumidor que empresas públicas e privadas, não mais se importam com a
população e por conseqüência, não pouco ocorrem desastres ambientais, a exemplo
do rompimento criminoso de barreiras em hidroelétricas, torres de alta tensão,
e o precário saneamento, apesar da cobrança da taxa de esgoto, introduzidas nas
contas de consumo.
Será profícuo o Legislativo
promover à abertura de uma CPI para apurar se houve crime de
responsabilidade no desastre do abastecimento de água no Rio de Janeiro.