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domingo, 27 de setembro de 2020

 ANÁLISE & POLÍTICA

ROBERTO MONTEIRO PINHO

Ibope: Bolsonaro tem avaliação positiva e avança 11 pontos

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atingiu 40% de avaliação positiva, mostra uma pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O percentual é o maior registrado desde o início do mandato e 11 pontos percentuais mais alto do que o resultado da última edição da pesquisa, que foi realizada em dezembro de 2019. À época, a aprovação do governo estava em 29%.

Avaliaram como regular o governo de Bolsonaro 31% dos entrevistados, sendo que há nove meses 29% das pessoas ouvidas deram essa mesma resposta. Já a avaliação negativa, aqueles que classificam a administração federal como ruim ou péssima, caiu de 38% para 29% em nove meses.

No intervalo entre a realização das duas pesquisas, o Brasil começou a enfrentar a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Motivo pelo qual Bolsonaro tem sido muito criticado em relação ao combate à doença.

Governo anuncia o programa social Renda Cidadã

O programa social do presidente Jair Bolsonaro deverá se chamar Renda Cidadã, segundo o relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do chamado Pacto Federativo, senador Márcio Bittar (MDB-AC).

Essa proposta abre espaço no orçamento da União para aumento de gastos. O Renda Cidadã deve substituir e ampliar o Bolsa Família, criado na gestão petista e que atende um universo de 14 milhões de famílias a um custo anual de R$ 32 bilhões.

Segundo Bittar, o presidente Jair Bolsonar o deu, nesta quarta-feira (23), o aval para que ele crie o novo programa e aponte a fonte de recursos no relatório. A medida foi acertada também com todos os líderes da base de apoio na Câmara dos Deputados e no Senado, após reuniões nos últimos dias.

— Posso dizer que estou autorizado a fechar o relatório e apontar a fonte de recursos para o novo programa. Isso foi acertado com o presidente e todos os líderes — afirmou Bittar. 

Ele não quis antecipar a fonte de recursos, mas diz que será preciso cortar gastos para obter espaço em torno de R$ 30 bilhões a fim de incluir no programa dez milhões de famílias. A cifra vai depender do valor do benefício que essas pessoas vão receber. Segundo interlocutores, Bolsonaro gostaria de manter o novo valor do auxílio emergencial de R$ 300, que termina em dezembro.

Tanto no governo, quanto no Legislativo a palavra de ordem é não entrar em detalhes sobre o novo programa para não criar ruídos, depois de entrevistas do  secretário especial de Fazenda, Wadery Rodrigues, informando que entre as fontes alternativas de recursos estaria o congelamento do valor das aposentarias.  

Bolsonaro negou que tiraria dos pobres para dar aos paupérrimos e proibiu integrantes do governo de falar sobre o então Renda Brasil, nome que vinha sendo cogitado para substituir o Bolsa Família. Ele também negou que faria mudanças no abono salarial do PIS.

EUA: Trump já lidera a corrida pela Casa Branca

Quando as urnas forem fechadas, na noite de 3 de novembro, centenas de milhares de votos enviados pelo correio ainda estarão aguardando processamento em estados-chave, particularmente Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Será praticamente impossível contá-los na noite da votação, pois o total de votos enviados à distância deve bater todos os recordes este ano.

Vários estados não têm os recursos nem o pessoal necessário para garantir uma apuração rápida (diferentemente do Brasil, não existe uma autoridade eleitoral central; cada estado é responsável por definir suas regras). Além disso, em diversos deles a contagem dos votos pelo correio não pode começar antes do dia da eleição.

Biden...

As pesquisas indicam que os eleitores de Biden têm propensão muito maior a votar pelo correio. Na Pensilvânia, por exemplo, 70% de todos os pedidos de cédulas antecipadas vieram de eleitores registrados como democratas, segundo dados da semana passada.

Uma dinâmica conhecida como “virada azul” (em referência à cor que tradicionalmente identifica o Partido Democrata) indica que os democratas tendem a crescer conforme se contam os votos depois do dia da eleição – pois eles já tinham maior predisposição para usar as modalidades à distância.

Resultados serão questionados

Combinando essa “virada azul” com o aumento da votação pelo correio – resultado da pandemia do coronavírus ―, fica claro que pode haver uma grande divergência entre os resultados iniciais do dia 3 de novembro e a contagem definitiva. Trump pode ir dormir na noite da eleição com grande vantagem em estados importantes e acordar no dia seguinte com sua liderança diminuindo – uma “miragem vermelha” (a cor dos republicanos), como definiu um consultor político para o site Axios.

Estendendo esse cenário de pesadelo: ambos os partidos entram com ações na justiça para reivindicar quais votos devem ser contados e quais devem ser descartados. Mas, caso a “virada azul” se confirme em estados como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, é possível que Trump declare ilegítimo o processo de apuração.

Eleição poderá ser fraudada

 “Existe o risco de que os partidos comecem a brigar por causa da contagem dos votos mesmo que não haja nenhum problema”, diz Ned Foley, especialista em lei eleitoral do Moritz College of Law da Ohio State University e autor de um paper do ano passado que descreve este exato cenário. “Podemos ver uma batalha jurídica mesmo com o sistema funcionando corretamente.”

Trump já se preparou para essa situação. Ele diz que enviar cédulas aos eleitores é “injusto”. Ele afirma, sem mostrar evidências, que a eleição de 2020 será “IMPRECISA E FRAUDULENTA” e “a mais fraudada da história”. Os governos estrangeiros vão “falsificar” cédulas, afirma ele, novamente sem apresentar provas. “Pessoas que não têm cidadania, imigrantes ilegais, qualquer pessoa que ande na Califórnia vai receber uma cédula”, tuitou o presidente, incorretamente

Os crimes contra a humanidade na Venezuela

 

A Venezuela cometeu, nos últimos anos, "violações flagrantes" equivalentes a crimes contra a humanidade, concluiu uma missão de investigação do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), cujos resultados foram divulgados no dia 19 de Setembro.

 

Foram investigados casos de assassinatos, tortura, agressões, violência sexual e desaparecimentos. A conclusão dos investigadores foi a de que o presidente venezuelano Nicolás Maduro e funcionários de alto escalão do governo estiveram envolvidos em uma "violência sistemática" promovida pelo regime desde 2014, com o objetivo de reprimir a oposição política e aterrorizar a população em geral. 

Maduro mergulhou o país na pobreza

 

O embaixador da Venezuela na ONU, por sua vez, descreve a iniciativa da ONU como "hostil". Jorge Valero afirmou no ano passado que a missão fazia parte de uma mobilização liderada pelos Estados Unidos. A equipe de investigadores da ONU foi impedida de viajar para o país latino-americano, que vive há anos uma grave crise econômica e política e levou à fuga de milhões de pessoas. 

Não é incomum que países impeçam a presença de investigadores da ONU — Síria, Mianmar, China e vários outros já fizeram isso repetidas vezes. Mas, nas últimas décadas, novas tecnologias têm ajudado na coleta de evidências mesmo sem presença física dos investigadores.

Bolsonaro mais uma vez será o grande vencedor das eleições

 

A eleição municipal de novembro tende a reeditar uma situação já verificada no pleito de 2018, quando uma força inesperada — Jair Bolsonaro — superou a estrutura de partidos poderosos, com alta capilaridade nas cinco regiões do país e que compõem uma estrutura de poder há décadas consolidada.

Em algumas capitais pode-se perceber que nomes tradicionais da política migram para legendas menores, em busca de maior adesão e menor resistência entre correligionários. De bônus, muitos ainda conseguem agregar o poder eleitoral de correntes religiosas, sobretudo os neopentecostais.

Quem perde com isso? PT, PSDB e MDB.

Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná, Emerson Urizzi Cervi lembra que as três legendas dominaram a cena política nos últimos 30 anos e, agora, sofrem com uma crise institucional. Para ele, quem mais perdeu foram os tucanos.

Em São Paulo, na última pesquisa Datafolha, Celso Russomanno (Republicanos) apareceu em primeiro, seguido pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). O cientista político e CEO da Dharma Political Risk and Strategy, Creomar de Souza, afirma que, ainda que perca outras capitais, se os tucanos conseguirem emplacar seu candidato, ganharão fôlego para lançar o governador do estado, João Doria, em 2022, à Presidência da República 

O Brasil, aliás, bateu recorde de candidatos inscritos nas eleições deste ano, cujo prazo final foi neste sábado, às 19h: 517.786 pessoas querem disputar uma cadeira de prefeito, vice-prefeito ou vereador, conforme o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até a noite de ontem. Os nomes para vereador representam a maior parte: 480,9 mil pedidos. Já prefeitos, são 18.416; para o cargo de vice-prefeito, 18.436. Os nomes ainda serão analisados pelo juízo eleitoral. Nas eleições de 2016, o número de inscrições foi de 503,2 mil.

PT amargurará o caos eleitoral

O cientista político Creomar de Souza avalia que o PT será, entre os partidos tradicionais, o que terá a situação mais complicada, por ter sofrido muitos ataques nos últimos anos. Já no caso do MDB e do PSDB, a perda de espaço deve variar de capital para capital. “O PT é a legenda que mais sofreu no passado recente, mas, também, tem maior cristalização. Tende a perder prefeituras, porém ser competitivo”, salienta 

Em São Paulo, o cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo Marco Antônio Carvalho Teixeira aponta que o PT caminha para seu pior desempenho na capital desde as eleições de Luiza Erundina, no final da década de 1980. “É provável que nem chegue ao segundo turno”, adianta. O candidato da legenda, Jilmar Tatto, com 1% das intenções de voto, não tem tido expressão na cidade, nem tampouco apoio interno.