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domingo, 9 de agosto de 2020

ANÁLISE & POLÍTICA

ROBERTO MONTEIRO PINHO

Bolsonaro articula para manter o auxílio emergencial até março de 2021

O governo considera prorrogar a ajuda até março de 2021, desde que com um valor menor que R$ 600. O entrave está por conta da aprovação do Congresso do valor de R$ 600 previsto em lei. Ainda assim o estado de calamidade vence em dezembro. Para isso, seriam necessárias as aprovações de uma nova votação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Bolsonaro avalia parcelas entre R$200 e R$300 para ajudar a frear a crise pós-pandemia e ainda evitar uma queda na popularidade do presidente. Para caixa o governo pode utilizar recursos de emissão de dívida.

As operações policiais nas favela 

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (5) manter a decisão individual do ministro Edson Fachin que restringiu a realização de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante o período da pandemia de covid-19. A votação foi concluída à meia-noite e realizada de forma eletrônica, no plenário virtual da Corte. 

Por 9 votos a 2, o Supremo validou a decisão de Fachin para restringir as operações. No dia 5 de junho, o ministro, que é relator do caso, atendeu ao pedido liminar feito pelo PSB. Pela decisão, as operações poderão ser deflagradas somente em casos excepcionais. A polícia ainda deverá justificar as medidas por escrito e comunicá-las ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, órgão responsável pelo controle externo da atividade policial

Moraes votou contra

O STF deve analisar a liminar favorável a suspensão das atividades policiais durante a pandemia essa semana, que marca o fim do recesso do Judiciário. Até então Alexandre de Moraes foi o único que votou contra a proibição das operações nas favelas durante a pandemia, enquanto Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Rosa Weber se mostraram favoráveis. O julgamento é virtual e os ministros têm até terça-feira, 4, para publicar seus votos.

Queda da criminalidade

A proibição de operações policiais em favelas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no início de junho (5) resultou na diminuição da criminalidade e violência no Rio de Janeiro. Os dados são do relatório “Operações policiais e ocorrências criminais: Por um debate público qualificado” da Universidade Federal Fluminense (UFF).

O documento aponta que desde a aprovação da medida houve uma redução de 72% das mortes decorrentes de incursões e que o número de feridos caiu em 49,6% em relação à média dos anos anteriores. A pesquisa do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) analisa dados registrados entre 2007 e 2020.

A polícia do Rio é contrária a decisão de Fachin e alega que a proibição dificulta o combate ao crime organizado. Apesar disso, os pesquisadores mostram que pelo menos 30 vidas salvas favelas, inclusive a de policiais. A média de morte desses profissionais era de 10 e caiu pela metade este ano.

Moro x Lula

Previsto inicialmente para o segundo semestre deste ano, o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) do processo em que o ex-juiz Sergio Moro é acusado de ter atuado de forma parcial nas causas contra o ex-presidente Lula pode ser adiado para 2021.

Se Moro vier a ser considerado parcial pelo STF, a sentença de Lula no caso do triplex do Guarujá (SP) poderia ser anulada na mesma decisão. O petista foi condenado nessa acusação a 12 anos e um mês de prisão, na segunda instância.

 A expectativa da defesa era de que Moro fosse julgado antes da saída do ministro Celso de Mello na turma que discute o caso. Em novembro deste ano, o decano da Corte, Celso de Mello, atinge 75 anos de idade, data-limite para atuar no Judiciário. O substituto será escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Julgamento não tem data

Mas o julgamento ainda não tem data marcada, e Celso de Mello pode ser submetido a um novo procedimento cirúrgico. Além disso, não há previsão da volta no STF das sessões presenciais. Na avaliação da defesa, o voto de Mello é incerto, mas eles consideram que o decano é um “garantista” - ou seja, que assegura aquilo que está na Constituição -, o que não se tem certeza sobre o indicado de Bolsonaro.

A defesa do petista alega suspeição do ex-ministro da Justiça quando era juiz da Lava Jato em Curitiba em relação ao processo do triplex de Lula. Para a Justiça, o ex-presidente recebeu o apartamento da OAS como retribuição por contratos fechados entre a construtura e a Petrobras.

Caiu a delação de Palocci

Nesta semana, o ex-presidente teve uma vitória no STF no processo da Operação Lava Jato em que é acusado de ter recebido propina da Odebrecht por meio de um terreno para o Instituto Lula e de ter usado dinheiro da empreiteira para comprar o apartamento vizinho ao que mora em São Bernardo do Campo (SP).

A Segunda Turma do STF determinou a exclusão da delação do ex-ministro Antonio Palocci do processo contra o ex-presidente. Moro divulgou o depoimento de Palocci dias antes do primeiro turno da eleição presidencial de 2018.

Gilmar e Lewandowski

A decisão foi tomada por dois votos a um. Os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes foram favoráveis à exclusão dos trechos da delação. O ministro Edson Fachin, relator do processo, votou contra o pedido da defesa. Ao proferir seu voto, Gilmar Mendes afirmou que Moro pretendeu criar um “fato político” contra Lula e indicou ter agido sem a imparcialidade esperada de um juiz.

"Verifica-se que o acordo foi juntado aos autos da ação penal cerca de três meses após a decisão judicial que o homologara. Essa demora parece ter sido cuidadosamente planejada pelo magistrado para gerar verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018", afirmou Mendes.

O uso de hidroxicloroquina...

Ao lado do ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, Bolsonaro falou sobre a vacina que será financiada pelo governo federal, defendeu o uso de hidroxicloroquina e questionou o número de mortos do país – que superou a taxa de 98 mil no dia 6 de agosto (quinta-feira).

Pazuello afirmou que, no início da pandemia, o Ministério da Saúde utilizava um protocolo que "tirou do médico a sua soberania de fazer o diagnóstico do vírus". "Quando não há o diagnóstico desde o início, não temos como saber nem que sim e nem que não [se o paciente realmente tem o vírus]. Isso faz com que os dados se tornem difíceis", disse o ministro.

Questionou as estatísticas

Na sequência, Bolsonaro disse que as estatísticas mostrariam "menos pessoas morrendo de determinadas doenças" porque elas estão sendo classificadas como mortas pela covid-19, e afirmou que isso pode estar ligado a médicos querendo "poupar autópsias". Ele não explicou a origem dessa dúvida e disse ter recebido essa informação de fontes que não podem ser chamadas de "confiáveis".

Governadores e prefeitos

Na sua Live o presidente, atacou governadores e prefeitos que proibiram o uso de cloroquina. "A negação de um medicamento a quem está doente não pode ser por um decreto de um governador ou prefeito. Que negócio é esse? Quem decide é o médico", afirmou Bolsonaro.

"Se isso [cloroquina] se comprovar [cientificamente] mais tarde, essas pessoas que o proibiram na mão grande, o cara que virou ditador do estado ou do município, vai ter que responder por que ele proibiu, baseado em quê", declarou o presidente, acrescentando que "mortes poderiam ter sido evitadas" com o uso de cloroquina.

Vacina

Horas depois de assinar uma medida provisória que liberou quase R$ 2 bilhões para fabricar uma vacina contra a pandemia do coronavírus, o presidente afirmou, no início da transmissão, que é "uma boa aposta" que ela esteja disponível em janeiro de 2021. Segundo o governo federal, serão 100 milhões de doses oferecidas inicialmente, com a capacidade de vacinar metade da população brasileira.

A vacina escolhida pelo governo foi feita a partir de um estudo da Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca – no Brasil, quem lidera a pesquisa com a vacina é a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). "Essa vacina que a gente prospectou é a mais promissora até o momento, e deve ficar em condições de ser usada pela população a partir de janeiro. Dezembro, janeiro", disse o ministro na transmissão.

Cartão de crédito na pandemia

O Senado conclui a aprovação do projeto de lei nº 1.116 que limita em 30% ao ano os juros cobrados por bancos em operações com cartão de crédito e cheque especial. A medida dependerá da Câmara e vale para operações de crédito contratadas durante o período de calamidade da pandemia do novo coronavírus, que a princípio vai até 31 de dezembro.

No caso das fintechs (empresas de tecnologia do setor financeiro), o limite de juros proposto é de 35% ao ano. Ideia com forte apelo popular no Brasil, o tabelamento do juro do cartão e do cheque especial foi aprovado por 56 votos 14 pelo plenário do Senado, com uma abstenção. A medida foi proposta em março deste ano pelo senador Alvaro Dias (Podemos-PR), quando a pandemia se intensificou no Brasil.