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terça-feira, 3 de março de 2020


O caótico serviço público brasileiro

(...) É também na municipalidade, principalmente na área rural e no interior do país, que encontramos a máquina pública, cujo nível de prestação de serviços é um caos sob todos os aspectos.”

ROBERTO MONTEIRO PINHO                              
Com a reforma administrativa em curso, cujo texto se revela uma “colcha de retalhos” e por isso incipiente, o governo federal por não exigir a moralização do prestador “chapa branca” (leia-se servidor público), e bloquear as vantagens fora do texto legal, não vai conseguir solucionar o maior dos problemas que capitania o segmento, que é a péssima prestação do serviço, começando pelas serventias insolentes, magistrados vetustos e a cultura da morosidade em nome de uma qualidade que não existe.

No topo da indulgente máquina pública está o judiciário, onde encontramos desde os serviços de serventia ao gabinete do magistrado, uma engrenagem soberba, grosseira, desprovida de senso humanitário e ainda podendo sublinhar, o maior descumpridor das próprias leis que os obrigam a postura mais digna no trato com a sociedade. Senhores absolutos da razão, resposta para tudo, num tom intimidador, porem sem solução das demandas.

Isso se molda nos parâmetros de vetusta a Loman-Lei da Magistratura Nacional, cujo texto é resultante de um incesto com a ditadura de 64. Da mesma forma às regras para esses servidores, indignas, é ultrajante ser apreciada. Entre as justiças, a pior é a trabalhista. Por se tratar de uma operadora da causa laboral, está sequer se desincumbe de praticar a pacificação, priorizando a conciliação, âmago dessa relação empregador-empregado e a entrega ágil do resultado da ação.

O estoque de processos aguardando julgamento em todo o país aumentou em 30% na última década. Em 2009, o estoque de ações já era de 60,7 milhões. Em 2018, o número chegou a 78,7 milhões. O estudo é elaborado desde 2005, e foram compilados dados de 90 tribunais brasileiros da Justiça Estadual, Federal, do Trabalho, Eleitoral e Militar. No segundo semestre de 2019 de fonte extra-oficial o número de processos era de 108 milhões.

É também na municipalidade, principalmente na área rural e no interior do país, que encontramos a máquina pública, cujo nível de prestação de serviços é um caos sob todos os aspectos. São atores hostis, sonolentos, debochados e conflitantes, se apoiam na ardilosa lei do desacato, que funciona como escudo para suas facetas.

Todos em sua grande maioria, integrados a engrenagem do aparelhamento político, controlado pelo partido dos trabalhadores – PT e a Central Única dos Trabalhadores – CUT, que dominam 90% da massa servidora. Mesmo aqueles servidores de bons propósitos, não conseguem atuar em um padrão mediano de prestação de serviço, em razão do patrulhamento e da manipulação intera corpus dos seus colegas.

Os altos salários na esfera pública notadamente no judiciário refletem o quanto perdemos de vista a realidade econômica e social da nação, estabelecendo dessa forma a má distribuição de renda, concentrando em menos de 2% a riqueza, em detrimento de milhões com salários em média de 10% dos que recebem ministros, juízes e autárquicos, que habitam essa belicosa “ilha da fantasia”.

É bom ressaltar que esses senhores indignos da República do terceiro mundo, se garantem num legislativo endêmico e desatrelado dos princípios que forjam o mandato parlamentar, cujo objetivo é justamente assenhorear propósitos para promover a assepsia no serviço público.

Mas como conseguir tal façanha? Afinal é público que esses parlamentares também se auto-beneficiam dessa máquina pública débil e insolente para os que navegam em águas do suor dos que trabalham na iniciativa privada.

*rompinho@ig.com.br