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segunda-feira, 2 de setembro de 2019


A Previdência bandida que o pobre não deseja

ROBERTO MONTEIRO PINHO

O parecer do senador Tasso Jeiressati (PSDB-CE), relator da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, já recebeu 275 emendas de senadores, Já foram feitas modificações no texto, 129 foram protocoladas entre terça-feira (27) e quarta-feira (28).

Foi divulgada há pouco, uma pesquisa CNT/MDA de opinião apontando que 52,7% da população do País são contra a atual proposta da reforma da previdência que já foi aprovada pela Câmara.  Pela aprovação 36,6% foram favoráveis.

O problema é que a desconfiança pontual indica 45,4% que avalia que a mudança irá beneficiar “mais os ricos”, sendo que apenas 6% acredita que “beneficiará mais os pobres”. 

O discurso palaciano é de que o texto aprovado pela Câmara tem potencial para gerar um ganho fiscal de R$ 933,5 bilhões em 10 anos. Caso o relatório de Tasso seja aprovado na integralidade, a economia ficará próxima a R$ 1 trilhão, como defende a equipe econômica.

A indicação da existência de um gigantesco déficit nas contas da previdência é nebulosa. Não há consenso entre economistas e pesquisadores que estudam o tema. De um lado, estão os que afirmam que não há déficit. O que existe, na verdade, é um financiamento insuficiente da previdência.

Os defensores da reforma consideram somente as receitas provenientes das contribuições de empregados com carteira assinada (que vão de 8% a 11% do salário) e de seus empregadores (a partir de 20% da folha de pagamentos). Isso leva, obviamente, à existência de um déficit astronômico.

A crise econômica ao causar desemprego (estima-se 13,4 milhões) e aumento de empregos sem carteira (cerca de 27 milhões de informais), fulminou drasticamente as contribuições à Previdência.
Ocorre que a previdência, como parte do sistema de seguridade social, tem diversas fontes de recursos para financiá-la previstas na Constituição Federal, além das contribuições de empregados e empregadores.
Uma delas se chama Desvinculação das Receitas da União (DRU). Por esse mecanismo, o governo pode retirar até 20% de uma determinada área e deslocar para outra. Por exemplo, retirar da seguridade social para pagar despesas com juros.
Outro mecanismo é “desoneração da folha de pagamentos” e outras formas de isenções a empresas e setores, inclusive para empresas exportadoras do agronegócio. O governo abre mão de cobrar a contribuição previdenciária de alguns setores a pretexto de reduzir o custo e estimular a produção.
O problema é que isso só funcionaria se fosse condicionado a metas e compromissos, como, por exemplo, criar e manter empregos, que por sua vez mantêm a economia interna aquecida. Mas o governo só alivia as empresas, sem exigir contrapartida.
A diminuição de valores da previdência já vem de hoje. A criação de salário diferenciado para esse fim, além de ser inconstitucional, fere frontalmente o principio da igualdade de direitos.
Por outro lado o governo passou décadas permitindo a arrecadação de contribuições de até 20 salários, para que o trabalhador de ganho médio, pudesse se aposentar de forma condizente as suas contribuições