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segunda-feira, 6 de julho de 2020


ANÁLISE & POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Bolsonaro sanciona MP 936 conter demissões
O presidente Jair Bolsonaro anunciou dia 6 de julho na sua conta do twittter, que sancionou a MP 936 que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Pela MP, é possível reduzir salários e jornada de trabalho durante a pandemia do novo coronavírus, desde que a empresa se comprometa a não demitir.
A medida está em vigor desde abril e o texto só foi aprovado pelos deputados e senadores em junho. Já está pronto o decreto que permite a prorrogação dos prazos máximos dos acordos por mais 60 dias no caso da suspensão e mais 30 dias, de redução salarial, mas ainda não houve.
Governo garante a diferença
As empresas devem negociar com os trabalhadores os termos da redução dos salários que pode ser de 25%, 50% ou 70%. O governo federal entra com uma contrapartida do seguro-desemprego para complementar a renda dos trabalhadores.
A estimativa do governo é que já foram firmados mais de 12 milhões de acordos de suspensão de contrato e redução salarial, com gastos federais somando R$ 51,2 bilhões, dos quais R$ 13,9 bilhões foram desembolsados.
Os números da economia no Brasil

A previsão do mercado financeiro para a queda da economia brasileira este ano foi ajustada de 6,54% para 6,50%. A estimativa de recuo do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – está no boletim Focus, publicação divulgada todas as semanas pelo Banco Central (BC), com a projeção para os principais indicadores econômicos. 

Para o próximo ano, a expectativa é de crescimento de 3,50%, a mesma previsão há seis semanas consecutivas. Em 2022 e 2023, o mercado financeiro continua a projetar expansão de 2,50% do PIB.

A Inflação

As instituições financeiras consultadas pelo BC mantiveram a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 1,63%, neste ano. Para 2021, a estimativa de inflação permanece em 3%. A previsão para 2022 também não teve alteração: 3,50%. Para 2023, a estimativa passou de 3,50% para 3,42%.

A projeção para 2020 está abaixo do piso da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%. Para 2021, a meta é 3,75%, para 2022, 3,50%, e para 2023, 3,25% também com intervalo de 1,5 ponto percentual em cada ano.

Taxa Selic

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, estabelecida atualmente em 2,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic encerre 2020 em 2% ao ano. Para o fim de 2021, a expectativa é que a taxa básica chegue a 3% ao ano. Para o fim de 2022, a previsão é 5% ao ano e para o final de 2023, 6% ao ano.

Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Entretanto, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Dólar a R$ 5,05

A previsão para a cotação do dólar permanece em R$ 5,20, ao final deste ano. Para o fim de 2021, a expectativa é que a moeda americana fique em R$ 5,05, contra previsão de R$ 5 da semana passada.

Os números duvidosos da pandemia no Brasil
Três levantamentos divulgados diariamente no Brasil têm tentado dar a fotografia da pior pandemia do século 21. O primeiro deles é o portal Painel Coronavírus, do governo federal. Os outros dois são iniciativas das secretarias estaduais de Saúde e de um consórcio de órgãos de imprensa — ambas lançadas em meados de junho, quando o governo federal interrompeu a divulgação de dados por alguns dias, provocando dúvidas de diversos especialistas sobre a veracidade dos números que vinham do Ministério da Saúde.
Um mês após a polêmica, os três portais têm apresentado estatísticas razoavelmente parecidas, com apenas pequenas discrepâncias. Mas, mesmo assim, ainda existem muitas dúvidas sobre a confiabilidade desses números — devido a uma série de deficiências na forma como os casos e as mortes são contabilizados.
A contra prova
Um estudo do Laboratório de Inteligência em Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligado à Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, estima que o Brasil poderia estar próximo de atingir a marca de 9 milhões de pessoas com covid-19 — sugerindo que pode haver uma margem de erro de até 500% nas estatísticas oficiais.
Dados insuficientes de contaminados
Os pesquisadores partem da noção de que não há testes suficientes feitos no Brasil para se determinar o número de infectados com o Sars-Cov-2, o vírus causador da covid-19. Assim, eles usam dados da Coreia do Sul — país com um dos melhores sistemas de exames de covid-19 do mundo — para calcular a taxa de letalidade da doença, que é a quantidade de pessoas que morrem em proporção à quantidade que fica doente.