ANÁLISE &
POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
PT em colapso e Lula destrambelhado
Posto em liberdade após 580
dias de reclusão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, armou seu discurso
de forma equivocada, conforme comentam os cardeais do PT. “Ele falou com baixo
clero, e deixou de assinalar que o partido precisa discutir um plano, um
projeto que possa alicerçar a retomada e não fazer discursos de palanque”,
comentou um prócer militante para o colunista.
O Portal - O Tempo publicou
análise do jornalista Vittorio Medioli em sua página que a: “humilhação que
qualquer ser humano pode experimentar ao ser preso marca sua personalidade.
Lula saiu, assim, diferente, não é a figura que adotou a fórmula “paz e amor” e
ganhou a Presidência. Regrediu ao Lula ferro e fogo sem maioria. Quem esperava
que conseguiria arrastar multidões, especialmente por ser o personagem que
marcou mais decididamente os primeiros 19 anos deste milênio, está perplexo.
Criticas
são contundentes e fazem sentido
Os poucos ônibus de
“simpatizantes” que foram a Curitiba para acolhê-lo no portão da carcerária
voltaram a São Paulo sem pagar a conta da churrascaria, sinalizando que aquele
aparato que esbanjava organização e coordenação deteriorou-se.
Os tempos mudaram as
tendências, os jovens não se empolgam facilmente com ideias políticas, querem o
bem-estar que compartilham nas redes sociais, em que passam metade do seu
tempo. Lula perde nas redes, é importante para um número cada vez menor. A Lava
Jato desbotou seu discurso, o brilho do metalúrgico cobrador de justiça.
Enfraqueceu no Nordeste,
onde ditava as tendências e arrebanhava votos que faziam a diferença. As
tecnologias disruptivas deixaram para trás aqueles que não se adequaram. Os
adversários de Lula estão muito à frente, não apenas na ocupação de novo campo
virtual de confrontação, mas no conhecimento e capacidade de se aproveitar
dele.
Perda
de espaço é visível
A presença de Lula depois
dos primeiros dias de liberdade, paradoxalmente, preencheu o quadrante político
com um vento constante e previsível. Para quem tem noção de aeronáutica, esse
vento, mais que atrapalhar Bolsonaro, pode retirar o efeito do vento de cauda
que deixa inconfiáveis as manobras e diminui a sustentabilidade das asas.
Bolsonaro terá um
contraponto diferente das proezas dos “filhos”, que ficam relegados a um
terceiro plano. Enfim, é prudente imaginar que Lula pode ajudar Bolsonaro a
encontrar um rumo mais firme e ter a bola levantada por quem não é mais o
colosso que já foi antes da Lava Jato. Hoje a maior parte da população, até nos
rincões, anseia por paz, emprego e melhorias.
A alta do dólar
Para Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital, o dólar
deve se manter acima dos R$ 4,00 pelo menos até o primeiro semestre de 2020. Na
análise de Bergallo, o aumento na velocidade dos cortes na taxa de juros acabou
afastando investidores estrangeiros, afinal, a taxa fica cada vez mais próxima
dos juros americanos que, apesar de darem retorno menor, são mais seguros.
"A queda da diferença entre as taxas de juros internas e
externas é um dos motivos. Reduziram-se em muito os atrativos para que haja um
fluxo de dólares para o mercado brasileiro. O Banco Central acelerou o ciclo de
cortes dos juros básicos, trazendo-os a inéditos 5% ao ano e com perspectiva de
chegarmos em 4,5% nos próximos meses."
Boletin Focus
e Consultoria LCA
Nas projeções do boletim Focus, divulgado semanalmente pelo
Banco Central com a projeção de economistas para os principais indicadores, a
moeda americana fechará o ano de 2019 cotada a R$ 4,10 — a projeção era de R$ 4
na semana passada. Para o fechamento de 2020, a previsão é de R$ 4 por dólar.
Em relatório divulgado nesta semana, a consultoria LCA afirmou
que "cresceu a chance de que, em breve, passemos a projetar, nesse nosso
cenário base, dólar e Selic um pouco mais altos do que ora projetamos. E cabe
alertar que aumentaram os riscos de um quadro frustrante no ano que vem, com
elevação de incertezas políticas e sociais ameaçando o andamento da agenda
econômica".
Ministro Paulo
Guedes
Em sua fala nos Estados Unidos na segunda-feira, o ministro
Paulo Guedes disse não haver motivo para preocupação, porque a inflação está
controlada e porque o câmbio desvalorizado facilita a exportação. Para ele, a
valorização do dólar sobre o real reflete uma mudança de políticas no Brasil,
que tem baixado os juros. Atualmente, a taxa Selic está em 5% ao ano.
Viriato, do Insper, diz que as turbulências políticas na América
Latina criaram certo receio por parte dos investidores em relação aos ativos da
região. "Recentemente, todas as moedas da região estão se desvalorizando
(em relação ao dólar)."
Para a LCA Consultores, a alta do dólar também reflete a
frustração dos mercados com os leilões dos blocos exploratórios de petróleo e
gás do pré-sal, que resultaram na entrada de menos dólares do que se esperava.
Além disso, reflete "a percepção de que os fundamentos das contas externas
podem estar piorando. A revisão das contas externas divulgadas pelo Banco
Central esta semana revelou que o déficit em conta corrente tem sido maior do
que apontavam as estatísticas preliminares".
A alta do preço da carne
bovina
Isso
porque os graves problemas que atingiram a monumental produção de porcos na
China, que tem comprado mais carne do Brasil e desabastecido o mercado
brasileiro, ainda estão longe do fim. E, em tempos de dólar alto, vender para o
exterior é bem mais atrativo que as vendas nacionais.
Em
outubro, as vendas de carne bovina para os asiáticos subiram 62% sobre
setembro, em um total de mais de 65 mil toneladas. Nesse embalo, o preço do boi
gordo no Brasil bateu recordes em novembro, segundo dados do Cepea (Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
China importando
A
razão para o aumento envolve, além do fator China, um momento de oferta
restrita de bois no Brasil, um tradicional aumento da procura doméstica por
carnes no fim do ano e o dólar cotado acima dos R$ 4, que aumenta ainda mais o
ganho dos exportadores na hora de converter o dinheiro das vendas para real.
Segundo
a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em menos de três meses o
custo do contrafilé subiu 50% para os supermercados; o do coxão mole, 46%. Por
isso, o aumento foi repassado aos consumidores.
Brasil está entre os três
maiores produtores
Embora
seja a proteína mais consumida na China, nenhum produtor mundial teria
capacidade para alimentar os mais de 1 bilhão de habitantes do país com carne
suína, e por isso a saída foi migrar as compras para carne de boi. Nesse ramo,
os maiores produtores são Estados Unidos, Brasil e Austrália.
Segundo
o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o
volume de carne exportado pelo Brasil se mantém acima das 100 mil toneladas
desde julho de 2018, influenciado especialmente pela demanda chinesa. Em novembro,
a China até autorizou 13 novos frigoríficos brasileiros a exportar para o país
para reforçar a produção.
Black Friday x fraudes...
As maiores lojas de departamentos do Brasil
anunciaram a chegada da data mais esperada por quem espera fazer compras com
grandes descontos: a Black Friday (na sexta, dia 29). Mas a data tão atrativa
também se tornou a preferida dos golpistas digitais. Dados
de empresas brasileiras de segurança cibernética apontam que a data é a campeã
em fraudes. Nenhum outro dia do ano tem tantas ocorrências de consumidores
enganados.
"A
Black Friday é o 'Natal' dos golpistas. É quando eles ganham mais
dinheiro", diz Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, organização
sem fins lucrativos voltada para garantir segurança em questões de privacidade
e crimes na internet.
Ele
explica que a data é campeã de golpes porque une dois ingredientes
"explosivos": "O desejo do consumidor de comprar algo com um
preço muito mais baixo do mercado e, do outro lado, a vontade do golpista de
ganhar dinheiro".
A importância dos detalhes
na hora da compra
"As
pessoas ficam ainda mais suscetíveis a assumir riscos e tomar decisões
imediatas porque elas têm um dia só para aproveitar. Muitas vezes, no intervalo
do almoço, do café, para não perder a promoção. Como ela vai pesquisar algo em
tão pouco tempo?", diz.
Para
Bruno Almeida, especialista em segurança de dados e diretor de inovação da
Mandic Cloud, empresa de tecnologia especializada em computação em nuvem,
"essas são datas em que as pessoas ficam angustiadas porque elas esperam
esse momento o ano inteiro para comprar. Se ela não ficar atenta aos detalhes,
acaba comprando por impulso por conta das mensagens de emergência."
Brasil está entre os cinco
países com os maiores números de ataques em ambiente digitais.
O
coordenador do MBA de marketing digital na FGV, Andre Miceli, disse que as
pessoas caem mais em golpes na Black Friday porque têm a expectativa de
encontrar preços abaixo do normal — e não desconfiam deles.
Miceli
afirmou que o Brasil está entre os cinco países com os maiores números de
ataques em ambiente digitais. São 60 milhões invasões de hackers ou transações
comerciais fraudadas por ano.